O movimento “Fech Nestannew (O que é que esperamos)”, que lançou no início do ano a contestação à subida dos preços, apelou a uma nova mobilização para hoje no centro de Tunes.

Num comunicado divulgado hoje, a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) pede às forças de segurança para “não utilizarem força excessiva” e “deixarem de recorrer a manobras de intimidação contra manifestantes pacíficos”.

Para a AI, “as autoridades tunisinas devem garantir a segurança dos manifestantes não violentos e que as forças de segurança só recorrem à força quando é absolutamente necessário” e que o fazem de modo proporcional para proteger os direitos de todos.

Vários militantes de esquerda foram detidos nos últimos dias e o governo acusa os manifestantes de estarem a ser manipulados pela oposição.

Algumas dezenas de membros da Frente Popular, um partido de esquerda, manifestavam-se hoje de manhã diante do tribunal de Gafsa (sul), indicou um correspondente da agência France-Presse, após a detenção na véspera de dois responsáveis locais do partido e de um responsável sindical acusados de incitação aos motins.

Segundo o porta-voz do Ministério do Interior Khlifa Chibani, não foi registado qualquer ato de violência, roubo ou pilhagem na noite de quinta-feira para hoje, após três noites consecutivas de tumultos.

Chibani afirmou à rádio privada Mosaique FM que os confrontos entre jovens e polícias tinham sido “limitados” e “sem gravidade”.

Adiantou, no entanto, que 151 pessoas envolvidas em atos de violência tinham sido detidas na quinta-feira, fazendo subir o número de detenções para 778 desde segunda-feira.

Os tumultos têm lugar numa altura em que se aproxima o sétimo aniversário da “Revolução de Jasmim”, movimento que derrubou o ditador Zine El Abidine Ben Ali em 14 de janeiro de 2011.

O mês de janeiro é tradicionalmente assinalado por uma mobilização social na Tunísia desde a revolução de 2011, mas o contexto é particularmente tenso atualmente com a aproximação das primeiras eleições municipais do pós-revolução, adiadas por diversas vezes e previstas para maio.