Hugo Devesas, um dos fundadores do movimento, explicou hoje à agência Lusa que a caminhada “pacífica e com dezenas de populares” prevista para domingo, vai sair da capela de São Gonçalo, em Covelas, pelas 09:30, em direção ao local da construção “de um novo aterro” na freguesia.

Desde a realização, em 30 de maio, de uma manifestação no centro da Trofa, na qual participaram “algumas centenas de populares” contra a reativação de um aterro no concelho vizinho de Santo Tirso e a respetiva ampliação até à freguesia de Covelas, Hugo Devesas conta que houve frutos, como a “solidificação” deste movimento e uma visibilidade mediática que trouxe o assunto para a ordem do dia.

Este responsável pelo movimento popular diz que “em pouco tempo e em plena pandemia da covid-19, a população de Covelas e a sociedade civil da freguesia se uniram em torno desta luta”, acrescentado que todos estão “a colaborar e a trabalhar” em prol de um bem comum, que é impedir a construção do aterro sanitário na freguesia de Covelas

Hugo Devesas voltou a acusar a Câmara Municipal da Trofa de querer “lavar as mãos” de todo o processo ao “tentar chutar” responsabilidades para o ministério do Ambiente, quando a autarquia andou “a tratar de tudo” durante mais de dois anos às escondidas.

O presidente da Câmara da Trofa (distrito do Porto), Sérgio Humberto, anunciou em 17 de maio, a troco de uma indemnização de dois milhões de euros, a instalação de um aterro na freguesia de Covelas, apontando-o como uma extensão do equipamento fechado em 2016 na freguesia vizinha de Santa Cristina do Couto, em Santo Tirso.

Contudo, na sexta-feira, 29 de maio e véspera da manifestação, o executivo municipal da Trofa assumiu, em comunicado, que, apesar de ter “a convicção de que esta unidade não prejudicaria a qualidade de vida” da população e que “representaria um conjunto de contrapartidas importantes a favor da freguesia”, estará “ao lado da vontade dos covelenses”, dando conta de que “tudo fará para que este aterro não seja uma realidade”.

Nesse comunicado, a Câmara da Trofa refere ainda que, “independentemente da emissão do parecer prévio não vinculativo” do município, a unidade “poderá avançar, se o Estado central assim o entender, e nesse cenário o aterro poderá ser construído”.

“Por isso, por acreditarmos e defendermos que os covelenses merecem respeito e merecem ser recompensados, tínhamos exigido contrapartidas que seriam canalizadas para benefício direto de todos os habitantes de Covelas, como, por exemplo, a construção da infraestrutura de rede de abastecimento de água, a requalificação de vias, a implementação de ilhas ecológicas/estruturas enterradas, a limpeza de montureiras, a colocação de equipamentos de recolha seletiva de resíduos e ainda o desenvolvimento de ações de sensibilização ambiental, entre outras”, lê-se na nota da autarquia.