Isabel Aldir, diretora do programa para as hepatites virais, disse hoje na comissão parlamentar de saúde que o número de pessoas que deveriam ser vacinadas e o das que têm procurado a vacinação está abaixo do desejável.

Segundo a responsável, falta de perceção de risco e receio de estigma podem ser razões que levam as pessoas a não se vacinarem.

A Direção-geral da Saúde está a equacionar ter um posto móvel pelo menos na região de Lisboa e Vale do Tejo, região com a maioria de casos da doença, para chegar mais facilmente às pessoas que devem ser vacinadas.

Portugal tem atualmente 199 casos notificados da doença desde início do ano.

Os contactos próximos das pessoas que contraíram a doença (contactos íntimos e co-habitantes) devem tomar a vacina mas até agora só uma pessoa deste grupo apareceu para ser vacinada.

Atualmente há casos de hepatite A em todas as regiões de Portugal Continental e também nos Açores, mas a grande maioria (156) são em Lisboa e Vale do Tejo.

Homens jovens continuam a ser a população com mais casos, de um surto que inicialmente se verificou na população de homens que têm sexo com homens de forma desprotegida.

Do total de casos, 105 tiveram origem em contacto sexual e há pelo menos 50 casos nos quais não foi possível determinar a origem.

Em cerca de metade dos casos ocorreu hospitalização dos doentes, mas os internamentos têm vindo a diminuir.

A responsável do programa das hepatites virais frisou ainda que a Direção-geral da Saúde não começou a reagir tarde ao surto de hepatite A, respondendo a críticas que têm sido feitas por alguns dos casos terem surgido em dezembro passado e a primeira norma sobre o surto ter sido emitida em março deste ano.

Isabel Aldir explicou que só no dia 6 de fevereiro foi possível identificar cinco casos que pertenciam à mesma estirpe, indicando que a partir daí a DGS começou a partilhar informação com as administrações regionais de saúde e com todos os delgados de saúde do país.

Duas semanas depois, ainda em fevereiro, dos cinco casos tinha-se passado para nove casos da mesma estirpe, uma situação que é fundamental conhecer-se para se perceber se há ou não um surto.

Logo nessa altura a responsável garante que começaram a ser feitos contactos para se averiguar do stock de vacinas e iniciou-se o processo para delinear uma orientação clínica.

O número de casos começou rapidamente a subir e a 22 de março havia 86 casos notificados, 38 pertencentes à mesma estirpe.

A hepatite A é geralmente benigna e a letalidade é inferior 0,6% dos casos.

A gravidade da doença aumenta com a idade, a infeção não provoca cronicidade e dá imunidade para o resto da vida.

Calcula-se que em Portugal mais de 95% da população com mais de 55 anos esteja imune, dado que a doença chegou a ser frequente e começou a decair com a melhoria das condições sanitárias e socio-económicas.