Pela  primeira vez, o  CDS-PP foi convidado para estar - e estará - presente no Congresso do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que começa na quarta-feira, 17, em Luanda, onde estarão, também, delegações do PS, PSD e PCP.

O ex-vice-primeiro-ministro e ex-presidente do CDS, Paulo Portas, estará presente, conforme noticia esta terça-feira o Diário de Notícias, em resposta a um convite feito a título pessoal, sendo os centristas representados institucionalmente pelo presidente do Congresso e responsável pelas relações internacionais, Luís Queiró, disse à Lusa fonte oficial do partido.

Enquanto vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros no Governo liderado por Pedro Passos Coelho, Paulo Portas visitou várias vezes Angola, e tal não foi esquecido no discurso de despedida onde Portas apelou aos órgãos de soberania para evitarem "a tendência para a judicialização da relação entre Portugal e Angola".

Entre os partidos com representação parlamentar em Portugal, Bloco de Esquerda (BE), PEV e PAN não marcarão presença no Congresso do MPLA. O BE, habitualmente crítico do regime angolano, afirmou, através de fonte próxima citada pela Lusa, não ter relações institucionais com aquele partido angolano.

O dirigente do partido ecologista "Os Verdes", Vítor Cavaco, disse à agência Lusa que o partido não foi convidado, e também o PAN (Pessoas-Animais-Natureza) não recebeu "nenhum contacto formal" para comparecer na reunião magna do MPLA, de acordo com a assessoria de imprensa do seu grupo parlamentar.

A delegação do PS é composta pela secretária-geral-adjunta, Ana Catarina Mendes, e pelo presidente do partido, Carlos César, enquanto o PSD se vai fazer representar pelos vice-presidentes Marco António Costa e Teresa Leal Coelho. Já o PCP estará representado pelo membro da sua comissão política, Rui Fernandes.

 

Um momento de viragem

O MPLA informou hoje que o congresso que se inicia a partir de quarta-feira vai dar atenção ao "momento que o país está a viver", numa alusão às dificuldades provocadas pela quebra nas receitas petrolíferas.

Belarmino Van-Dúnem, conselheiro diplomático do ministro da Defesa Nacional, em jeito de antevisão, afirma que este será o “congresso de todas as decisões”. Para o, também, analista político, o ‘conclave’ deverá ficar marcado por reformas significativas baseadas no socialismo democrático, dando oportunidades aos angolanos para que possam melhorar as suas condições de vida, o trabalho para o crescimento das infraestruturas, bem como o aumento da produção e industrialização para que o país deixe de ser dependente das importações.

Para Van-Duném, o congresso que se realizará sob o lema “MPLA - com o povo, rumo à vitória” (e do qual poderá sair um nome para o lugar da presidência, que ficará vaga em 2018) é “o congresso de todas as decisões”, e considera-se convicto de que, de lá, sairão “estratégias que tornarão o partido cada vez mais próximo da população e da realidade dos angolanos”.

De acordo com informação enviada à Lusa, o VII congresso ordinário do partido no poder em Angola desde 1975, vai decorrer no centro de conferências de Belas, nos arredores de Luanda, até 20 de agosto, e vai envolver 2.620 delegados.

Além da eleição do presidente do partido - cujo único candidato é o atual líder, José Eduardo dos Santos - e da confirmação da nova composição do Comité Central, este congresso "dedicará uma atenção muito particular ao momento que o país está a viver, sem perder de vista que o seu principal objetivo, neste conclave, estará concentrado nos desafios que se colocam aos angolanos e ao Partido, nos próximos tempos", refere a informação. Nesta matéria, será dado "particular ênfase ao Plano Nacional de Desenvolvimento de médio prazo", desenvolvido pelo MPLA para o período 2013/2017, e ao nível do longo prazo ao "Angola 2025".

Angola vive uma profunda crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra para metade nas receitas da exportação de petróleo, e tem em curso uma revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE), que aposta no aumento da dívida para garantir o crescimento através do investimento público, a fim de compensar a quebra no setor petrolífero.