"Os meteorologistas preveem chuva, mas a única que cai é de cinza", diz o El País. "De Coimbra à Guarda o céu está coberto de fumo e partículas estranhas. Portugal padeceu, no domingo, de uma onde de incêndios que deixou 38 mortos, de momento, e centenas de casas destruídas, serviços férreos interrompidos, dezenas de estradas cortadas e bosques de eucaliptos extinguidos", escrevem. Contudo, as autoridades portuguesas apenas registam um número oficial de 36 mortos.

"Eram projéteis de fogo que caíam por todos os lados". É desta forma que o jornal espanhol apresenta os incêndios em território vizinho. Dando voz aos portugueses que fugiam das chamas, é referido o desespero e a impotência de quem tentava salvar-se e ao que tinha.

Também em Espanha, o El Mundo deixa uma questão como título: "Quem ganha dinheiro quando arde Portugal?". As respostas não tardam: "Empresas que manipulam contratos públicos, ONG falsas e a indústria madeireira". As árvores, embora queimadas, são uma boa fonte de matéria-prima se utilizadas rapidamente depois dos incêndios, o que baixa os preços, explicam.

Prejudicando pequenos produtores, o "Cartel do Fogo" chega a Portugal, dizem. Com ligações a Espanha, a Polícia Judiciária acredita que há um ramo português do conhecido grupo espanhol que se dedica ao negócio com base na queima florestal: "empresas nacionais manipulam concursos públicos em Espanha, Portugal e Itália" que, "ao longo dos últimos 12 anos, poderão ter manipulado contratos públicos no valor de 821 milhões de euros", afirma a publicação espanhola.

No Reino Unido o dia amanheceu avermelhado. O The Guardian explica a forma como as areias do Sahara, os ventos do furacão Ophelia e os incêndios em Portugal e Espanha levaram até ao país um céu "Apocalíptico".

"Um interessante fenómeno que resultou de um movimento do ex-Ophelia é a cor do céu e do sol esta manhã, e a areia nos carros", escreve o jornal britânico.

De França aos Estados Unidos, a Associated Press é fonte de informação. No Le Monde, publicação francesa, fala-se dos três dias de luto nacional como homenagem às vítimas dos " mais de 700 incêndios que deflagraram entre domingo e segunda-feira". Já no The New York Times, a chuva e a descida das temperaturas são referidas como bem-vindas para ajudar os bombeiros, tanto em Portugal como em Espanha, referindo-se ainda um total de 40 mortos nos dois países.

Em Itália, além de ser feita uma análise dos fenómenos meteorológicos que se têm verificado na Europa, é referida também a ajuda do país a Portugal. O Corriere Della Sera mostra os "incêndios fora de controlo" e diz que "Itália ofereceu o envio de dois meios aéreos", sendo "o único país a 'chegar-se à frente'", segundo a Administração Interna portuguesa.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 36 mortos, sete desaparecidos e 62 feridos, dos quais 15 graves, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.