"Portugal não está a vender os seus anéis. O que Portugal podia vender à luz da capacidade que detinha já foi integralmente incorporado neste programa que agora estamos a executar", disse hoje Azeredo Lopes aos jornalistas, na base aérea de Monte Real, distrito de Leiria.

Em declarações numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo romeno, Mihnea Ioan Motoc, no final da cerimónia de entrega àquele país dos primeiros seis aviões F-16, Azeredo Lopes, apesar de três vezes questionado sobre o tema, não especificou o valor do retorno financeiro do contrato assinado em 2013.

"Portugal não está a vender anéis para ficar com os dedos. O que Portugal tinha para vender, resulta do seu planeamento a longo prazo, da LPM [Lei de Programação Militar] e Defesa 2020, para a definição das capacidades que entendemos necessárias", reafirmou o ministro.

Antes, o titular da pasta da Defesa, tinha dito que o retorno financeiro "é difícil de determinar" e que a confirmação dos dados revelados aquando da assinatura do contrato pelo anterior Governo, em outubro de 2013 - a venda de 12 aparelhos (nove monolugares e três bi-lugares) representaria um encaixe líquido de 78 milhões de euros (ME) de um total de 181 milhões, dos quais 163 ME já foram pagos ao Governo português.

"Terão de esperar "por um balanço mais adequado" do programa, disse.

Perante a insistência dos jornalistas, Azeredo Lopes insistiu na "vantagem simbólica" que representa para Portugal a execução do acordo, referindo que este "tem uma expressão pecuniária bem conhecida", numa alusão ao referido contrato assinado em 2013.

"Evidentemente que Portugal pode invocar ter tido a compensação devida por um investimento extraordinário, não só em investimento, como em horas de trabalho e em horas de formação", alegou.

O ministro disse ainda que o reinvestimento, "qualquer que seja o retorno", será feito na Força Aérea Portuguesa, relembrando que "não podemos, nem devemos, falar num retorno correspondente a lucro, não é disso que se trata, a defesa nacional não é uma empresa", avisou.

O ministro da Defesa romeno também recusou referir-se aos valores do acordo, argumentando que ao nível do setor da Defesa, os acordos entre países aliados "são confidenciais".

Mesmo sem revelar números, Mihnea Ioan Motoc disse, no entanto, não sofrer de "secretismo" e frisou que os números "serão apenas orientativos", já que englobam não só os 12 aviões, mas também a formação e treino de cerca de 84 militares romenos, entre pilotos, técnicos e mecânicos entre 2014 e 2018, a preparação e modernização das aeronaves e o envio de uma equipa portuguesa de formação e suporte para apoiar a Força Aérea romena durante dois anos.

Presente na cerimónia de hoje, o primeiro-ministro António Costa defendeu a necessidade de se criar "uma cultura de confiança nas capacidades do país e em particular das Forças Armadas" portuguesas.

"Importa que os cidadãos saibam que os seus militares são capazes e que neles se revejam com orgulho, enquanto defensores e praticantes dos princípios e valores em que se fundou a unidade e identidade nacionais", referiu.