"Hoje, no Parlamento Europeu, muita gente entende que o presidente do Eurogrupo não tem condições para permanecer à frente do Eurogrupo e o governo português partilha dessa opinião", disse o ministro.
Numa entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, publicada no domingo, Jeroen Dijsselbloem afirmou: "Como social-democrata, considero a solidariedade um valor extremamente importante. Mas também temos obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda".
Augusto Santos Silva considerou que estas "são declarações muito infelizes e, do ponto de vista português, absolutamente inaceitáveis".
"Há, por um lado, o aspeto de uma graçola que usa termos que hoje já não são concebíveis, essa ideia de gente que anda a gastar dinheiro com vinho e mulheres é uma forma de expressão que, com toda a certeza, não é própria de um ministro das Finanças europeu", disse o ministro, acrescentando que não era esse aspeto, no entanto, que mais o preocupa.
"Pelos vistos, o presidente do Eurogrupo continua passados estes anos todos sem compreender o que verdadeiramente se passou. O que se passou com países como Portugal, Espanha ou Irlanda não foi termos gasto dinheiro a mais. O que aconteceu foi que nós, como outros países vulneráveis, sofremos os efeitos negativos da maior crise mundial desde os tempos da grande depressão e as consequências da Europa e a sua união económica e monetária não estar suficientemente habilitada com os instrumentos que nos permitissem responder a todos aos choques que enfrentamos", explicou.
Para o chefe da diplomacia nacional, "está manifesto que o senhor Dijsselbloem não tem nenhumas condições para permanecer a frente do Eurogrupo".
"Quem pensa assim, pensa erradamente e infelizmente o presidente do Eurogrupo já nos habituou demasiado a ver erradamente as coisas e a ver menos do que devia, ou mesmo desvalorizar, o esforço que os países estão a fazer", acrescentou.
Santos Silva disse ainda que no caso português o ajustamento que foi feito "foi à custa de muitos sacrifícios que o povo sofreu com uma resiliência e resistência absolutamente assinaláveis".
"Devemos valorizar o esforço dos países que conseguiram ultrapassar a crise e não estar a desprezá-los. Com toda a franqueza, é uma coisa que não fica bem a ninguém", concluiu o ministro português.
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