O movimento “Bring Tesla Gigafactory to Portugal” vai convidar Elon Musk, CEO da Tesla, a vir a Portugal. Mais concretamente, ao Museu dos Coches, em Lisboa. Para tal, será entregue ao próprio, em mão, uma caixa que esconde o primeiro exemplar - de uma edição limitada e numerada - de “O livro dos sonhadores”, uma obra que contempla trabalhos de fotógrafos nacionais e estrangeiros e que pretende mostrar “a Portugalidade” ao líder da marca norte-americana de automóveis elétricos.

O livro, limitado a 100 exemplares, está, para já, a despertar a curiosidade e o interesse de muitos ilustres, entre os quais o de “António Guterres e de Jorge Mendes, para dar ao Ronaldo”, referiu Miguel Coelho, fundador juntamente com Patrícia Candeias do movimento “Bring Tesla Gigafactory to Portugal” durante uma apresentação na AESE Business School, em Lisboa.

Mas, para além da peça editorial com fotografias da Fundação Champalimaud, de pontes ou de mergulhadores debaixo de água, Musk será um dos contemplados - de um grupo de 25 personalidades onde se inclui o “primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa e Medina (presidente da Câmara Municipal de Lisboa)” -  com “uma versão inglesa, da Penguin, dos Lusíadas e do Livro do Desassossego, de Pessoa”.

O homem da Tesla será, no entanto, “o único a receber um voucher de uma companhia aérea portuguesa com uma viagem para Lisboa, uma estadia num hotel e ainda uma chave que lhe permitirá abrir um baú do século XV que está à sua espera no Museu dos Coches, na sala do Picadeiro Real”, afirmou Miguel Coelho. O baú, esse, “esconde as conclusões de um estudo” que tenta persuadir o líder da Tesla a instalar em Portugal a fábrica de baterias de iões de lítio e carros elétricos.

Alentejo como local, a segurança e a ausências de uma marca nacional como trunfo

O estudo, que despertou o interesse do próprio Marcelo Rebelo de Sousa, será apresentado no dia 25 de março, em Torres Vedras, durante o festival de sustentabilidade GreenFest. Para já, o cofundador deste movimento da sociedade civil que nasceu “de um post no Facebook”, em novembro passado, e que já tem 70 mil seguidores naquela rede social, levantou o véu sobre algumas das razões diferenciadoras que Portugal oferece nesta luta em que tenta captar a “gigafábrica” europeia do construtor californiano de veículos elétricos.

Das conclusões preliminares dos oito grupos de trabalho sabe-se que o Alentejo será o local mais provável para instalar a fábrica, uma zona do país que apresenta “as melhores condições do ponto de vista de espaço”, revela o relatório preliminar. "Dificilmente será noutro sítio”, reforça Miguel Coelho.

O Porto de Sines, que “pode receber ajudas de fundos comunitários”, por um lado, e “as ligações a Espanha”, por outro, ajudam à eleição deste local, que tem ainda a exposição solar como chamariz caso o investimento se concretize.

A “ausência de uma marca nacional de automóveis” é outro fator diferenciador. Miguel Coelho remeteu ainda para a “segurança”, a “estabilidade política” e a "maior reserva de lítio" do mundo, características salientadas também pelo ministro-conselheiro da embaixada do Japão, Sadayoshi Takagawa, que marcou presença no evento. E acrescentou ainda “a educação” que se “transformou nos últimos 20 anos”.

Lado emocional de Elan Musk explorado

O que faz diferença para alguém como o Elon Musk não são somente os “recursos financeiros de um país”, adiantou Miguel Coelho, que estudou a fundo o comportamento do CEO da Tesla. “A primeira gigafactory não foi tomada por fatores económicos. Se o fosse, tinham ido para outro lado”, frisa. E é aqui que entra o “lado emocional” que para os fundadores do movimento e para os autores do estudo “dá vantagem” a Portugal.

Para além disso, o país tem algo único e distintivo para oferecer: “o Idea Factor”. Inovação, Disrupção, Exploração e Adaptação, quatros fatores que deverão bastar para persuadir o líder da Tesla. Miguel Coelho dá como exemplo o Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel (CEIiA), “um cluster de excelência”. E tal como Elon Musk, Portugal é um “país de disruptores”.

Por fim, relembra que este movimento - que tem no seu seio, entre outros, Isabel Neves (Shark Tank Member) , Pedro Norton de Matos (GreenFest), Rui Coelho (Invest Lisboa)​, Sandra Correia (Pelcor), Tiago Machado (empresário e investidor internacional) e Tiago Silva Pereira (ANJE) - move-se “por um capital de entusiasmo” e não tem ligações nem à Tesla, nem a entidades governamentais.

Miguel Coelho acredita que "Portugal tem uma hipótese muito elevada” de “pelo menos ser chamada para o close call de três localizações” e garantir um investimento que “representa metade do PIB português em contrapartidas diretas e indiretas a 20 anos". Esse investimento “vale três Autoeuropa”, diz, e que pode criar “cinco mil postos trabalho diretos e 20 mil indiretos”, finaliza o cofundador do movimento “Bring Tesla Gigafactory to Portugal” que parte, no final do mês, em roadshow por “10 cidades portuguesas”.