“Já estou apurada, não tenho grande objetivo. Apenas melhorar o resultado que fiz em 2016″, resume a mesatenista de 41 anos, nascida em Hebei, na China, em 1978 e que está em Portugal desde 2001, quando se mudou para a Madeira.
Em Gondomar, distrito do Porto, a atleta competiu pelo apuramento da seleção portuguesa por equipas para os Jogos Olímpicos, que não foi atingido, com derrotas na ronda principal e na repescagem.
Yu assume a tristeza de falhar “um desejo”, o apuramento inédito no concurso coletivo, sobretudo no seio de uma formação em que se sente responsável pela maior veterania.
“[Sinto] principalmente nos jogos por equipas. Como sou a jogadora mais velha e mais experiente, tenho mais responsabilidade, e às vezes pressão também. Mas isso é bom. Com mais pressão, mais vontade há de jogar”, atira.
O desafio da experiência e dos vários resultados positivos, de três medalhas em Europeus, a nível individual, aos ‘metais’ coletivos, como a prata no Europeu de Nantes em 2019, ano em que ganhou a medalha de ouro nos Jogos Europeus, também leva a maior motivação das adversárias.
“Às vezes vejo os jogos das outras, e… Não jogam assim tão bem, mas quando é comigo…”, brinca a atleta, que justifica essa tendência com o facto de as oponentes não terem “nada a perder”, o que lhes dá menos pressão e “mais vontade”.
A experiência permite-lhe olhar com naturalidade para os meses que faltam até Tóquio2020, que arranca no final de julho, um torneio mundial para o qual “a preparação é igual, sempre a mesma”.
“Treinamos duas vezes, todos os dias. Antes dos Jogos Olímpicos vamos estagiar no Japão ou na China. De resto, é tudo normal”, simplifica.
Com 41 anos, o futuro após a carreira de atleta profissional vai ficando cada vez mais perto, mas Fu Yu não sabe o que pensar sobre a retirada.
“Em 2016, no Rio de Janeiro, já estava a pensar que eram os últimos e não foram. Agora vai ser mais um. Não sei, vamos ver”, comenta.
Um futuro trabalho, isso é certo, “terá sempre a ver com ténis de mesa”, modalidade da qual não consegue sair, até porque “ténis de mesa é a profissão e a melhor coisa” que tem.
Assim, equaciona ser “treinadora” ou um cargo mais ligado aos jogadores, mas a incerteza prende-se também com um futuro que passe por Portugal, um regresso à China ou outras paragens.
“Há quase 20 anos que estou cá, gosto de tudo, das pessoas, do clima, também da comida, e gosto da Madeira. O meu marido é da Madeira, a minha filha nasceu aqui. Aqui é como se fosse a minha segunda casa, o segundo país. Não sei dizer, sinceramente”, confessa.
A filha, que na sexta-feira completou oito anos, “já pratica e sabe jogar, mas parece que não gosta muito”, pelo que poderá não passar por uma sucessão direta o futuro do ténis de mesa luso no feminino.
Aí, lamenta, há “pouca gente a jogar e participar”, enquanto “o nível do treino e jogo está melhor nos rapazes”, mas o ano encorajador de 2019 pode trazer “mais crianças” para a modalidade.
(Por: Simão Freitas da agência Lusa)
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