
"Nós temos um presidente de Câmara que às segundas, quartas e sextas é contra as construções na Arrábida e, às terças, quintas e sábados, defende e facilita as construções na Arrábida. Nós temos um presidente de Câmara que fica satisfeito quando terrenos foram sonegados ao erário público, voltam ao município, mas às terças, quintas e sábados recorre de uma decisão dos tribunais que confirmava que os terrenos eram municipais", afirmou Hugo Neto na sua intervenção nas Jornadas Autárquicas do PSD, no Porto.
O dirigente denunciou ainda que, no Porto, "há um ex-vice-presidente da Câmara do Porto que aprovou um PIP [Pedido de Informação Prévia] para um edifício, que muito provavelmente viola o PDM [Plano Diretor Municipal], em que hoje o filho é funcionário do promotor imobiliário, gestor de projeto e responsável pela comercialização de espaços desse mesmo edifício", concluiu.
Acresce ainda que, sublinha o presidente da concelhia, que o Porto, "num contexto de forte especulação imobiliária, de pressão ilícita e ilegal sobre muitos dos moradores do Porto", têm "um presidente da Assembleia Municipal que é simultaneamente presidente de um conselho de administração de fundos imobiliários com negócios na cidade", afirmou.
Para Hugo Neto, estas questões não podem passar em claro, defendendo que o Porto "merece muito mais do que isto".
"O Porto tem que ser um exemplo num contexto de degradação dos valores, de degradação nacional das questões éticas naquilo que é o exercício dos cargos públicos, o Porto tem que voltar a ser exemplo", declarou.
De acordo com o dirigente, estas jornadas, devem servir também para definir as bases do projeto autárquico do PSD que, no seu entender, têm que assentar na qualidade de vida dos cidadãos e na ética política, que "tem que voltar a ser a base da política autárquica".
"Hoje, infelizmente, não temos uma cidade do Porto de que nos possamos orgulhar nesta matéria, naquilo que são as questões éticas, as questões morais e as questões de valores. O Porto hoje não é, infelizmente, exemplo. E isso é algo que nos deve deixar preocupados e que quando encaramos este caminho para 2021 nos deve deixar a refletir", argumentou.
Para Hugo Neto, é hoje "consensual" e os portuenses tem este sentimento em áreas como o trânsito, a limpeza urbana, que a Câmara do Porto "não coloca a qualidade de vida dos cidadãos no patamar que deveria colocar".
"Isto é grave, é negativo, mas é também uma oportunidade porque, tendo em conta que queremos ganhar as autárquicas e queremos marcar a diferença também no próximo ciclo governativo no Porto, essa é uma oportunidade para o PSD voltar a deixar a sua marca", defendeu.
Numa das suas intervenções iniciais, o presidente da Concelhia do PSD do Porto desafiou ainda o partido a partir para o terreno mais cedo, num trabalho de proximidade com a população, o que passa por antecipar o calendário autárquico.
"Isso terá um componente ao nível do executivo, ao nível dos nossos representantes na Assembleia Municipal, eventualmente aí até podem ser 'timings' dentro dos padrões mais habituais. Relativamente às freguesias (...), os queremos que os nossos candidatos possam ser definidos o mais rápido possível", explicou.
De acordo com Hugo, isso passa, num primeiro momento, por, no final do primeiro trimestre de 2020, definir o perfil e em junho ou julho de 2020 ter os candidatos da junta de freguesia aprovados.
"É um desafio que é feito por mim, que ainda tem que ser validado pelo partido", explicou, sublinhando que a ser aceite este desafio vai implicar, "provavelmente", ajustes no calendário eleitoral interno, mas para nós o mais importante é a cidade e o partido deve estar ao serviço da cidade", concluiu.
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