Na noite de quarta-feira, os moradores de Carnide retiraram os parquímetros da EMEL que tinham sido ligados na sexta-feira, em protesto pela sua instalação naquela zona histórica da freguesia.

À Lusa, a diretora de Institucionais e Cidadania da EMEL contou que a EMEL já desde janeiro tinha autorização do presidente da Câmara de Lisboa [PS] para entrar nesta zona de Carnide, "muito pressionada sob o ponto de vista do estacionamento".

"Toda a gente estava informada. Parece-me que o presidente da junta mudou de opinião de janeiro para cá, provavelmente por outras questões que queria ver resolvidas na sua freguesia pela Câmara Municipal, mas isso não é matéria da competência da EMEL", acrescentou Helena Carvalho.

A responsável disse estranhar a posição do presidente da Junta de Freguesia, afirmando que o autarca não se manifestou contra quando se falou do assunto na reunião descentralizada ocorrida em janeiro.

Confrontado com esta posição, Fábio Sousa (CDU) mostrou aos jornalistas uma posição enviada ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa a 10 de fevereiro.

No e-mail enviado a Fernando Medina, o presidente da Junta de Carnide afirmou que "atualmente é inoportuna a entrada da EMEL no centro histórico" da freguesia, "sem que esteja salvaguardada a criação de um parque de estacionamento e em curso as obras de requalificação previstas em Orçamento Participativo para este território".

"Assim sendo, solicitamos que nos informem como estão a decorrer as negociações levadas a cabo com o Grupo Bernardino Gomes [proprietário do terreno onde está prevista a construção do parque de estacionamento para 200 lugares]", continua o autarca na mensagem.

Na opinião do autarca, a "EMEL mente claramente no que está a dizer", uma vez que as duas entidades estiveram "reunidas em janeiro para falar sobre o parque de estacionamento".

"Para além disso, é a Junta que gere o espaço público", acrescentou.

Os 12 parquímetros, colocados ao longo de quatro ruas e retirados apenas com força de braços, encontravam-se hoje de manhã na sede da Junta de Freguesia, dentro de uma carrinha daquela autarquia, e aparentemente sem sinais de vandalismo, constatou a Lusa no local.

Menos de 12 horas depois de terem sido retirados os equipamentos, a maioria dos buracos já estavam tapados com calçada.

Além dos parquímetros, foram retirados também alguns sinais de trânsito referentes a estacionamento.

Os moradores alegam que os parquímetros lhes foram impostos sem consulta prévia, uma posição contrariada pela EMEL.

Na Assembleia Municipal de Lisboa deu já entrada uma petição sobre o estacionamento na freguesia, que recolheu cerca de 2.500 assinaturas, informou o presidente da Junta.

Numa nota enviada às redações ao final da manhã, a Câmara de Lisboa avançou que a EMEL vai iniciar "o processo de reinstalação imediata" dos parquímetros retirados durante a noite na freguesia de Carnide, que considerou como "um ato grave", de "deliberada danificação do património".