Trata-se da primeira vez que um primeiro-ministro espanhol em funções vai testemunhar em tribunal, prevendo-se a presença de um importante dispositivo policial e um enorme aparato mediático.

Mariano Rajoy irá responder a partir das 10:00 (09:00 em Lisboa) às perguntas do juiz da Audiência Nacional, um tribunal com responsabilidades particulares, ocupando-se dos delitos de maior gravidade, como os casos de terrorismo, crime organizado, narcotráfico e delitos económicos, entre outros.

Do lado de fora do edifício, em San Fernando de Henares, perto de Madrid, grupos de manifestantes irão denunciar os diversos casos de corrupção que afetam os membros do PP.

O magistrado quer saber se o atual chefe do Governo, que é líder do PP desde 2004, primeiro-ministro desde 2011 e antes ocupou vários cargos de grande responsabilidade no partido, teve conhecimento ou alguma responsabilidade no desvio de dinheiros e pagamentos ilegais realizados entre 1999 e 2005.

“Qualquer espanhol sabe que tem de colaborar com a Justiça, e colaborar com a Justiça na qualidade de testemunha é uma obrigação de todos os espanhóis à qual todos temos de consentir com a melhor das disposições”, disse na segunda-feira a vice-presidente do Governo de Madrid, Soraya Sáenz de Santamaría.

Segundo a acusação, o “cérebro” do “caso Gurtel” foi o empresário Francisco Correa, que já explicou em tribunal um esquema em que entregava “envelopes” com dinheiro a funcionários públicos e responsáveis políticos eleitos pelo PP, para ajudarem certas empresas “amigas” a ganharem contratos de direito público.

Este inquérito judicial, com 37 acusados e mais de 300 testemunhas, já provocou a demissão da ministra da Saúde, Ana Mato, no final de 2014, suspeita de ter beneficiado do dinheiro obtido ilegalmente pelo seu ex-marido, Jesús Sepúlveda, o ex-presidente da câmara municipal de Pozuelo (perto de Madrid).

Um antigo tesoureiro do PP, Luis Barcenas, é uma figura central no esquema, tendo o tribunal insistido para que explicasse a origem da sua fortuna de 48 milhões de euros, que está depositada numa conta na Suíça.

Barcenas admitiu em janeiro passado que o PP teria “recursos que não apareciam na sua contabilidade oficial”, alimentados por doações feitas por homens de negócios.

Por seu lado, Francisco Correa revelou que os empresários que ganhavam certos concursos públicos entregavam “dois a três por cento” do montante.

Mariano Rajoy nunca foi envolvido diretamente no caso Gurtel, mas os seus cargos de responsabilidade no PP têm levado os seus opositores a acusá-lo de ter “fechado os olhos” ao esquema.

Este e outros escândalos de corrupção que envolvem membros do PP contribuíram para que o partido perdesse em dezembro de 2015 a maioria absoluta que tinha no parlamento espanhol.

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