O projeto Veleda - Mulheres em Rede foi hoje apresentado e conta, além dos três municípios, com a colaboração da Universidade da Beira Interior (UBI) e de voluntárias que participaram na primeira fase do projeto, entre 2019 e 2021, e que agora vão acompanhar e partilhar informação com as 15 participantes em cada município.

“Este Veleda está mais virado para a construção de uma rede de apoio que neste projeto se considerou que faltava e que vamos implementar”, sublinhou a presidente da Beira Serra, Elsa Duarte.

Durante o ano de duração do Veleda - Mulheres em Rede está previsto o funcionamento de grupos de entreajuda; de um espaço físico em cada município, aberto uma vez por semana, para atendimento individualizado e ajuda à resolução de situações concretas; a iniciativa Mães Canguru, que passa pela guarda dos filhos entre as participantes do projeto quando necessário ou oficinas para ajudar, por exemplo, a fazer pequenas reparações em casa que melhorem as condições de habitabilidade, mas também ensinar a fazê-lo.

A sensibilização de entidades sobre as questões da monoparentalidade e do trabalho e a criação de um guia prático, que, de forma simples, possa ser consultado sobre dúvidas jurídicas, relativas à Segurança Social, sobre assuntos fiscais ou outros estão também contemplados.

A vereadora com o pelouro da Ação Social na Câmara da Covilhã, Regina Gouveia, elogiou a forma como, no anterior programa, “se capacitou para a partilha”, se “tornaram mais conscientes as mulheres para as suas necessidades” e, agora, se aproveitou o diagnóstico que foi feito para “dar um passo para as participantes terem o suporte que precisam”.

A representante da Câmara do Fundão, Elsa Pombo, destacou a importância de se “procurar empoderar as mulheres” e considerou “o apoio da rede fundamental para capacitar” as participantes.

O vice-presidente do município de Belmonte, Paulo Borralhinho, destacou a forma como “os objetivos foram bem pensados”, vincou a “equipa experiente” e manifestou a disponibilidade da edilidade para “contribuir com ideias para os desafios que possam surgir” num projeto que considerou “complementar” à ação da autarquia.

A coordenadora do projeto, Marisa Marques, salientou que a monoparentalidade não é em si um problema, “é muitas vezes a solução para alguns problemas, mas agudiza alguns problemas”, transversais às diferentes condições da mãe de cuida sozinha dos seus filhos.

A responsável sublinhou que o Veleda - Mulheres em Rede “surge de uma ampla identificação” de necessidades.

“É uma realidade que existe, está a aumentar e tem necessidades específicas”, frisou a socióloga e professora na UBI Catarina Sales, para quem “este projeto dá resposta a uma realidade que tem carências” e onde “há muito por fazer”.

Segundo a mentora, Elisabete Gonçalves, participante no primeiro Veleda, nome inspirado na feminista Maria Veleda, este é o passo para dar algumas respostas às dificuldades manifestadas por mulheres numa situação de monoparentalidade, salientando que sentiu na pele as necessidades identificadas.

O Veleda – Mulheres em Rede, financiado pelos Prémios BPI Solidário, e a implementar naqueles três concelhos do distrito de Castelo Branco, foi criado a pensar nos constrangimentos que muitas mulheres enfrentam quando criam sozinhas os filhos e “veem reforçadas as suas fragilidades”, desde as económicas, sociais ou de género.

Segundo Marisa Marques, pretende-se avançar para uma intervenção que “inclua as próprias mulheres, decisores políticos e entidades privadas”.