“Acabámos de saber pela voz do seu ex-assessor que o ministro quis mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI], omitindo informação relevante sobre o tema da TAP”, afirmou o líder parlamentar do PSD, considerando que “isso é inaceitável no comportamento de um membro do Governo”.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Joaquim Miranda Sarmento afirmou que “se isso é de facto assim, não há condições para o ministro continuar no Governo”, pois "cometeu um ato gravíssimo de querer mentir à CPI".

O social-democrata defendeu igualmente que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, “está politicamente muito diminuído pela mentira que quis fazer à CPI”.

"E eu espero que o senhor primeiro-ministro - que sobre tudo isto que se tem passado na TAP recusa-se a falar, e portanto não tem neste momento a autoridade política que se exige a um primeiro-ministro - mostre um pouco dessa autoridade política e ponha por favor ordem na casa, ordem no Governo", apontou.

Miranda Sarmento criticou também as declarações do líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, hoje de manhã, considerando que "fez acusações muito graves, muito sérias, relativamente aos ouros grupos parlamentares que compõem esta Assembleia da República, acusou os outros grupos parlamentares de violarem a lei e de passarem à comunicação social informação confidencial que tinha sido entregue à comissão parlamentar de inquérito da TAP".

"Hoje à tarde soubemos que o Governo apresentou queixa na PJ contra o agora ex-assessor do ministro das Infraestruturas exatamente porque suspeita de que a fuga de informação tenha vindo desse gabinete", indicou.

O líder parlamentar do PSD considerou que o líder da bancada socialista "tem a obrigação neste momento de esclarecer o parlamento e o país dos motivos que o levaram a fazer a declaração profundamente infeliz que fez hoje de manhã e de pedir desculpa a todos os grupos parlamentares e a todos os deputados que representam o povo português nesta casa".

Sobre a reunião que juntou socialistas, Governo e Christine Ourmières-Widener antes de a anterior CEO da TAP ser ouvida no parlamento em janeiro, o deputado do PSD defendeu que o "presidente da Assembleia da República, que está muito preocupado, e bem, com o regular funcionamento desta casa, tem que também atuar neste comportamento inaceitável por parte do Grupo Parlamentar do PS e por parte do Governo".

"Confirmou-se aquilo que já era uma suspeita, de que houve de facto uma reunião entre o Grupo Parlamentar do PS e a então CEO da TAP nas vésperas de uma audição na Comissão de Economia e que essa reunião serviu para preparar as perguntas que o PS ia fazer e as respostas que a senhora então CEO da TAP ia dar. E isso é gravíssimo do ponto de vista da ética e do ponto de vista da condução dos trabalhos parlamentares", salientou Joaquim Miranda Sarmento.

O adjunto do Gabinete do ministro das Infraestruturas, Frederico Pinheiro, foi exonerado na quarta-feira, por “comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades” inerentes ao exercício das funções, confirmou hoje à Lusa fonte oficial.

Numa nota divulgada esta tarde a alguns órgãos de comunicação, Frederico Pinheiro refere ter tirado notas da reunião entre o PS, assessores do Governo e a anterior presidente-executiva da TAP, um dia antes de ser ouvida no parlamento em janeiro, e que "ficou indicado que, em caso de requerimento pela Comissão Parlamentar de Inquérito, as notas não seriam partilhadas por serem um documento informal".