"A conferência de imprensa mais parecia uma crónica jornalística e não uma conferência de imprensa de uma ministra que devia assumir as suas responsabilidades", afirmou Hugo Soares, acusando o Governo de procurar "um bode expiatório, que é sempre de outros" e de um "passa culpas constante".

O social-democrata, que falava aos jornalistas em Faro, afastou, contudo, para já, o cenário de um pedido de demissão de Constança Urbano de Sousa, sublinhando que a escolha dos membros do Governo "é uma responsabilidade última" do primeiro-ministro e que o foco do PSD é a responsabilidade política do Governo "no seu todo" e de António Costa, que é a quem compete escolher os ministros.

"A senhora ministra continua a pedir pareceres, a pedir relatórios e não é capaz de assumir a sua responsabilidade", ressalvou, acrescentando que o que o PSD queria era que a ministra "assumisse a sua responsabilidade" e, que, "no todo do Governo começassem a ressarcir aqueles que viram, pelo colapso do Estado, vítimas mortais acontecerem nas suas famílias".

O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foi dado como extinto uma semana depois.

O líder parlamentar do PSD respondia, assim, às declarações prestadas na quarta-feira por Constança Urbano de Sousa, nas quais admitiu que houve descoordenação no posto de comando da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) no incêndio de Pedrógão Grande e que o local onde foi instalado não foi o ideal.

A ministra da Administração Interna concluiu, tendo por base relatórios e inquéritos de diversas entidades, que se verificou uma “descoordenação no posto de comando da ANPC” do teatro de operações, “em especial com os outros agentes de proteção civil”.

Hugo Soares aproveitou ainda para desafiar António Costa, que hoje visita as obras de reconstrução dos territórios afetados pelo incêndio de Pedrógão Grande, que aproveite a oportunidade para poder explicar "olhos nos olhos" aos familiares das vítimas porque é que ainda não começaram a ser indemnizados.

"Mas, se calhar, quem devia estar verdadeiramente a assistir a estas obras foram os portugueses porque foi com o dinheiro dos donativos dos portugueses que estas obras se estão a fazer, não é com o apoio nem com a ajuda do Governo", afirmou.

O líder da bancada parlamentar do PSD devolveu ainda ao Governo as acusações de aproveitamento político da tragédia, criticando "o desfile constante de ministros pelos territórios afetados" e do primeiro-ministro, por vezes, "com um sorriso nos lábios, como se estivesse a fazer uma grande coisa que não devesse já estar feita".