Estas são as posições de fundo que têm sido transmitidas pelas oposições à direita e à esquerda do PS e que deverão ser retomadas na quinta-feira, durante o primeiro debate sobre o estado da nação da presente legislatura.

PSD, Chega, Iniciativa Liberal (IL), PCP e Bloco criticam o estado dos serviços de saúde, as perturbações no ano letivo na escola pública por causa do conflito entre Governo e professores, o aumento dos preços da habitação e os baixos salários em conjuntura de inflação.

Além das questões económicas e sociais, a oposição aponta instabilidade no Governo, com sucessivos casos e demissões, ausência de diálogo e uma tentativa de “branqueamento” de várias situações por parte da maioria absoluta socialista, em particular factos que terão resultado da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.

No plano político, as estratégias dos partidos divergem. Chega e IL consideram que o executivo socialista não deve continuar em funções, mas o PSD, alegando responsabilidade política, rejeita para já o cenário de eleições antecipadas, que também não é reivindicado pelo BE e PCP.

No início desta semana, o líder do PSD, Luís Montenegro, deu sinais de querer evitar que o debate sobre o estado da nação se centre no tema das buscas judiciais realizadas na quarta-feira passada em casa do ex-presidente social-democrata Rui Rio e na sua sede partidária, que foram consideradas desproporcionais e injustificadas por diferentes partidos e correntes de opinião.

Para Montenegro, a discussão no debate de quinta-feira deve incidir nos temas “que interessam à vida das pessoas”.

“O país não tem esperança, não tem ambição, mas tem oposição e tem alternativa. Os portugueses estão mais pobres, têm salários baixos e uma dificuldade enorme em aceder a serviços públicos. Estamos perante manifestas demonstrações de incompetência”, concluiu.

Pela parte do Chega, o seu presidente, André Ventura, já fez saber que apresentará uma moção de censura ao Governo no início da próxima sessão legislativa, “independentemente da decisão que o Presidente da República decida tomar ou venha a tomar num futuro próximo”.

A IL, que já apresentou uma moção de censura, tem defendido que o executivo não tem condições para reverter a degradação em áreas como o poder de compra, instituições e serviços públicos.

Já o PCP considera que o PS está “usar a sua maioria absoluta como poder absoluto”, fazendo operações “de simulação de diálogo”, e considerou que as atuais políticas estão a levar ao “empobrecimento generalizado”.

“O PS tem a maioria absoluta e está a usar a sua maioria absoluta como poder absoluto, aliás basta ver as opções que tem tomado. Tem procurado fazer esta ou aquela operação de simulação de diálogo mas, nas questões de fundo, reflete, decide e implementa”, afirmou o secretário-geral, Paulo Raimundo.

Raimundo entende que, nas “questões de fundo”, o PS “é acompanhado no fundamental pelo PSD, Chega e Iniciativa Liberal”, num caminho que “encaixa e corresponde aos interesses dos grandes grupos económicos”.

Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o Governo está numa “deriva autoritária” e assinalou que está um curso “um processo estrutural de empobrecimento do país”.

“Os preços subiram muito, os juros do crédito à habitação subiram muito, as rendas subiram muito, mas os salários não subiram, o que quer dizer que uma maioria da população portuguesa empobreceu”, sustentou.

Também os deputados únicos do PAN, Inês de Sousa Real, e do Livre, Rui Tavares, têm feito críticas ao Governo, apesar de terem viabilizado os dois orçamentos do Estado apresentados pelo executivo nesta sessão legislativa. Inês de Sousa Real e Rui Tavares exigem uma atitude mais dialogante por parte do executivo.