“O PSD e o país tomaram conhecimento que a administração da CP (Comboios de Portugal) decidiu prolongar em 300 mil quilómetros o período de vida útil dos rodados de alguns comboios e, em simultâneo, da exoneração do diretor de material circulante da empresa, em desacordo com esta solução”, afirmou o vice-presidente da bancada do PSD Emídio Guerreiro, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Em causa está a notícia divulgada na segunda-feira pelo jornal Público, segundo a qual "o diretor de material circulante da CP, José Pontes Correia, foi exonerado no passado dia 06 de dezembro depois de se ter manifestado contra um ato de gestão da administração da empresa, que pode, em sua opinião, pôr em causa a segurança dos passageiros".

De acordo com o Público, a administração da CP - Comboios de Portugal "decidiu que a manutenção dos rodados das automotoras elétricas seria feita aos dois milhões de quilómetros em vez dos 1,7 milhões" e João Pontes Correia "alertou para os riscos de se adiar a manutenção de rodados e foi demitido".

Para o PSD, esta contradição “vem na linha do que tem caracterizado a empresa de serviço público de comboios, que vem acentuando a sua degradação”.

“Entendemos que, em nome da segurança dos portugueses, dos utilizadores das infraestruturas de comboio, é muito urgente que o parlamento ouça aqui o diretor de material circulante exonerado e o presidente conselho de administração para esclarecer estas contradições e tranquilizar os portugueses que diariamente usam o comboio”, afirmou Emídio Guerreiro, anunciado a entrega de um requerimento dos sociais-democratas nesse sentido dirigido à Comissão de Economia.

Na segunda-feira, o CDS-PP já tinha anunciado pedidos de audição parlamentares do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, e do ex-diretor de material circulante da CP sobre as condições dos comboios da empresa.

O PSD considera que, “neste momento, seria precipitado” ouvir já o Governo “porque interessa saber primeiro o que se anda a passar na empresa”.

“Em função daquilo que resultar destas audições poderá colocar-se a possibilidade de chamarmos quem tem a responsabilidade política de tudo isto”, afirmou.

O deputado do PSD lembrou que os próprios sindicatos da empresa já alertaram para situações de degradação e falta de manutenção, bem como o relatório de contas da CP relativo a 2017.