“Há todas as razões para crer” que o poderio de países terceiros e dos serviços especiais ocidentais está “envolvido na preparação de atos de sabotagem e de terrorismo” tanto nos territórios ucranianos controlados pelos russos como na Rússia, declarou Putin numa reunião do Conselho de Segurança Nacional transmitida pela televisão.

Putin proferiu estas palavras ao lado dos dirigentes instalados por Moscovo nas quatro regiões ucranianas cuja anexação a Rússia proclamou em 2022: Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.

O chefe de Estado russo acusou as autoridades ucranianas de cometerem nesses territórios “crimes graves contra os civis que ali residem, não poupando ninguém”, referindo-se a fogo de artilharia pesada e “ataques terroristas” contra os responsáveis nomeados pelos russos e outras figuras públicas.

Vladimir Putin ordenou às forças de segurança russas para “fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para garantir a segurança da população local” nessas regiões.

A 2 de abril, um célebre ‘blogger’ militar, Maxime Fomin, que usava o pseudónimo Vladlen Tatarsky e era conhecido pelo seu apoio à ofensiva russa na Ucrânia - iniciada a 24 de fevereiro de 2022 e ainda em curso, mais de um ano depois -, foi morto num atentado bombista cometido num café da cidade de São Petersburgo, no noroeste da Rússia.

Moscovo acusou Kiev e “agentes” do opositor na prisão Alexei Navalny de estarem envolvidos nesse assassínio.

A Ucrânia, por seu lado, assegurou ter-se tratado de um acerto de contas interno, nos círculos russos contra e a favor da guerra em território ucraniano - uma tese corroborada pela reivindicação do atentado na terça-feira, por um grupo opositor do Kremlin, chamado Exército Nacional Republicano (NRA) russo.

“Esta ação foi efetuada por nós de forma autónoma. Não mantemos contacto nem recebemos ajuda de nenhuma estrutura estrangeira ou de serviços secretos”, assinalou a célula do NRA em São Petersburgo numa mensagem no canal Telegram Rospartizan.

A nota recorda que Tatarsky, pseudónimo de Maxime Fomin, era um “instigador da guerra e um criminoso de guerra” e que o café onde ocorreu a explosão era propriedade do chefe do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, que o NRA descreve como “um dos mais famosos criminosos russos”.

O NRA assegura que o atentado não visava civis e que todos os feridos são apoiantes da campanha militar russa na Ucrânia e justificam “os crimes de guerra do regime de [Vladimir] Putin (Presidente russo) na Ucrânia”.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, afirmou hoje que o assassínio de Maxime Fomin será “um dos temas em discussão” no Conselho de Segurança da ONU, órgão cuja presidência rotativa a Rússia (um dos cinco membros permanentes, com direito de veto) assumiu a 01 de abril, apesar de travar uma guerra no país vizinho, violando a soberania e integridade territorial de um Estado independente e, assim, violando os princípios de direito internacional consagrados na Carta das Nações Unidas.