Sentado atrás de uma secretária, no Vaticano, o Papa Francisco chegou até Vancouver, no Canadá, via vídeo. Nesta que é a primeira TEDTalk do Santo Padre, com cerca de 18 minutos, Francisco alerta para a necessidade de os líderes agirem com mais humildade.

A boa disposição do Papa não ficou de fora. "Bom dia, ou boa tarde, que não sei que horas são aí para vocês. Independentemente da hora, estou contente por participar no vosso encontro", começa por dizer.

"Gostei muito do título "The Future You" ["O Futuro Tu"] porque, olhando para o amanhã, convida-nos já hoje ao diálogo. Olhando para o futuro, convida a olhar para um "tu". O "Futuro Tu": o futuro que é feito de ti, de encontros, porque a vida corre através das nossas relações [com os outros]. Cada ano de vida fez-me ter cada vez mais a convicção de que a existência de cada um de nós está ligada à dos outros. A vida não é o tempo que passa, mas o tempo de encontro", disse.

Francisco tomou como exemplo alguns casos atuais - e a sua própria experiência enquanto filho de migrantes - para se aproximar dos ouvintes e partilhar com todos uma questão que lhe ocupa o pensamento. "Encontrando e escutando os males dos outros, dos migrantes que enfrentam tremendas dificuldades à procura de um futuro melhor, dos prisioneiros que transportam o inferno nos seus corações, das pessoas - especialmente os jovens - que não encontram um trabalho, surge-me uma pergunta: porquê eles e não eu?".

"Também eu podia ser das pessoas "descartáveis" de hoje. No meu coração permanece sempre aquela pergunta", refere.

Quanto ao encontro, Francisco espera que "ajude a recordar que temos todas a necessidade de uns e de outros", diz. "Nenhum de nós é uma ilha, alguém autónomo e independente dos outros. Que possamos construir um futuro em conjunto, sem excluir ninguém. Por vezes não pensamos nisso mas, na realidade, está tudo ligado e temos a necessidade de restaurar as nossas ligações".

Referindo os "bocados de guerra" que cada um tem dentro de si, Francisco alerta para o facto de ninguém ser invencível e de precisar de olhar para os outros, sempre com os ideais de "coragem e criatividade" presentes.

"Como seria belo se o crescimento da inovação científica e tecnológica correspondesse também a uma maior equidade e inclusão social. Como seria belo se descobríssemos, como novos planetas distantes, as necessidades dos irmãos e irmãs à nossa volta", referiu.

Para o Papa, "a esperança é a porta aberta para o que há-de vir".

Pensando nos grandes líderes, Francisco refere o impacto do poder nos indivíduos. "Quanto mais poderoso és, quando mais as tuas ações têm um impacto nas pessoas, mais responsabilidade tens para agir humildemente. Se não o fizeres, o poder arruina-te e tu arruinarás os outros", diz.

Com o aproximar do final da conferência, Francisco diz que "o futuro da humanidade não está exclusivamente nas mãos dos políticos, dos grandes líderes ou das grandes companhias. Sim, eles têm uma responsabilidade enorme, mas o futuro está principalmente nas mãos daqueles que reconhecem o outro como um 'tu' e elas próprias como parte de um 'nós'. Todos temos a necessidade dos outros".

Para concluir, o Papa pede que também se recordem dele com ternura, para que consiga realizar a tarefa que lhe foi "incumbida para o bem do outro, de todos vós, de todos nós".