"Embora as autarquias tenham a obrigação legal de elaborar e cumprir os planos municipais de defesa de florestas contra incêndios e os planos operacionais municipais, algumas continuam a negligenciar a sua aplicação e o cumprimento das ações definidas para a defesa da floresta", refere um comunicado da Quercus/Aveiro.

A associação alerta ainda para os perigos da monocultura do eucalipto, que se verifica em muitas áreas da região, adiantando que apesar de o Governo ter apresentado o compromisso político de aumento das áreas destinadas a espécies autóctones "até à data não se verificou qualquer alteração no terreno".

O elevado número de incêndios que deflagraram no distrito de Aveiro destruindo milhares de hectares de floresta foi para a Quercus um dos piores factos ambientais que aconteceram no distrito em 2017.

Os ambientalistas consideram igualmente preocupante a expansão descontrolada de algumas espécies exóticas, como o jacinto-de-água, a acácia e a erva-das-pampas na região, realçando a necessidade urgente de reforçar as medidas para monitorizar e controlar este problema.

Entre os piores factos ambientais de 2017 estão ainda os recorrentes episódios de poluição, registados ao longo do ano, particularmente nos rios Águeda, Caima, Cértima, Ul e Vouga, bem como na Ria de Aveiro e na Pateira de Fermentelos e a falta de fiscalização.

"A articulação entre a Quercus e as entidades públicas tem sido muito importante para a identificação e acompanhamento dos crimes ambientais no distrito. No entanto, é urgente dotar estes serviços de mais meios humanos e materiais necessários para o cumprimento efetivo da missão e dos objetivos definidos", refere a mesma nota.

Para 2018, a Quercus espera uma "alteração séria das políticas públicas para a floresta", que promovam o investimento no mundo rural, defendendo a aplicação de algumas melhorias, como a diminuição das áreas ocupadas pelo eucalipto, a gestão da paisagem florestal em mosaico, a plantação de mais espécies autóctones e a aplicação de um plano nacional para o controlo ou erradicação de espécies infestantes.

A associação ambientalista defende ainda um investimento na Linha do Vouga com vista a melhorar as condições desta infraestrutura, que, segundo os ambientalistas, tem potencial para se poder tornar numa alternativa mais sustentável em termos de transporte para a região.