Paulo Rangel falava à agência Lusa, à entrada para um encontro com militantes, no auditório do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), em Castelo Branco.

Questionado sobre as críticas que o presidente do PSD Rui Rio lhe fez de que “não está preparado para ser primeiro-ministro”, ao contrário de si próprio, o eurodeputado sublinhou que nas democracias, “quem quer ser candidato tem que se sujeitar às regras da democracia”.

“Isso significa que ainda estamos num regime democrático, o nosso partido é um partido democrático e portanto, quem diz quem está preparado ou não está e quem diz quem está mais bem preparado ou não está são os militantes em primeiro lugar, agora, para saber quem irá às eleições em janeiro de 2022. Depois serão os cidadãos que irão dizer se essa pessoa está ou não talhada para essas funções [primeiro-ministro]”, sustentou.

Paulo Rangel sublinhou que “é preciso respeitar os militantes”, o que implica “deixá-los escolher e participar na campanha de uma forma humilde e democrática”.

Já sobre a mensagem que deixa aos militantes de Castelo Branco, Rangel focou o discurso na linha política que deve ser seguida para os territórios de baixa densidade, para o interior.

“Eu penso que ter uma política de reversão da desertificação do interior e de valorização dos territórios não se faz com estas demagogias baratas de por secretarias de Estado fantasma na cidade de Castelo Branco”, frisou.

O eurodeputado social-democrata entende que não passam de “medidas simbólicas”.

“São avulsas e na verdade não trazem nenhuma mais valia. É mais do mesmo(…). O interior ou os vários interiores, todos eles sofrem de um problema comum: o problema demográfico, a fraca densidade que depois tem efeitos económicos de afastamento, essencialmente das gerações mais jovens e da não atração de novos jovens. E, isso cria muitos problemas de todos os pontos de vista”, disse.

Rangel realçou que esse problema tem que ser resolvido e “só pode ser resolvido com políticas de discriminação positiva muito fortes, muito mais do que aquelas que até agora tivemos, porque essas já provaram que não são suficientes”.

Paulo Rangel diz que concessões de exploração mineira merecem investigação

O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel afirmou ainda que há “qualquer coisa de misterioso” em relação às 14 concessões de exploração mineira e que o tema “merece uma investigação e um esclarecimento”.

Rangel disse que “não é aceitável” que o Governo “feche 14 explorações de concessões de exploração de minério logo a seguir à eclosão de uma crise política, especialmente quando condiciona essas concessões ao aparecimento de um estudo de impacte ambiental”.

Em causa está a assinatura pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em 28 de outubro, de nove contratos com empresas mineiras – quatro para exploração e cinco para prospeção e pesquisa – e cinco adendas a contratos já existentes.

No caso particular da exploração de lítio na Serra da Argemela, que abrange os concelhos da Covilhã e Fundão, no distrito de Castelo Branco, o eurodeputado do PSD realçou a proximidade ao rio Zêzere e à localidade de Barco.

“Há aqui impactos que podem ser muito graves. Claro que eles devem ser estudados cientificamente. Pelo menos os indícios externos são demasiado fortes, manifestos e evidentes para que se possa tomar uma decisão [exploração] sem o estudo de impacte ambiental circunstancial”, frisou.

Para Rangel, aquilo que seria expectável num Governo “que tem a sua legitimidade diminuída”, é que tratasse de por em marcha os estudos de impacte ambiental (já que estes são necessários), de forma a que o novo Governo, “em face de cada estudo de impacte ambiental para cada um dos 14 casos, pudesse decidir”.

“Portanto há aqui uma precipitação, uma pressa. É motivo para fazer aquela pergunta: qual é a pressa? Isto merece uma explicação. Os casos podem não ser todos iguais”, sublinhou.

O eurodeputado sustenta que os estudos de impacte ambiental podem demonstrar que “há utilidade, viabilidade e sustentabilidade ambiental” em alguns casos e pode não haver noutros.

“Houve uma precipitação e há falta de uma explicação e de um esclarecimento”, concluiu.