“Não cabe ao MDM partilhar números dos outros partidos. Contudo, porque somos um partido que prima pela verdade eleitoral, pela Justiça eleitoral e porque respeitamos aquilo que é a vontade do povo, importa aqui dizer que de acordo com os dados constantes dos editais que nós recolhemos nas mesas, que são editais originais, e também com a nossa contagem paralela, a Renamo foi o partido que obteve maior número de votos na cidade de Maputo”, afirmou Augusto Mbazo, em conferência de imprensa.

“No entanto, cabe a ela [Renamo] apresentar provas junto das entidades competentes para que se faça a Justiça”, acrescentou o cabeça-de-lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) foi anunciada no sábado como partido vencedor das eleições autárquicas em Maputo, capital do país, onde o candidato da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, oposição), Venâncio Mondlane, já tinha proclamado a vitória e tem promovido diariamente passeatas pela cidade assumindo esse resultado, com o apoio de centenas de pessoas.

“De acordo com o que acabámos de apresentar, foi eleito o edil de Maputo o cabeça-de-lista do partido Frelimo com 58,78% [dos votos]”, declarou Ana Tchemane, presidente da Comissão Provincial Eleitoral de Maputo, ao divulgar os dados do apuramento intermédio da cidade capital, com 100% dos editais processados.

De acordo com o edital de apuramento intermédio apresentado hoje, a lista da Frelimo na cidade de Maputo, liderada por Rasaque Manhique, recolheu 235.406 votos (58,78%), a da Renamo 134.511 votos (33,59%) e o MDM 24.365 votos (6,8%).

“De acordo com a contagem paralela que o MDM na cidade de Maputo fez, com base nos números dos editais originais obtidos nas mesas de votação, o MDM obteve 12,56% e não 6,8% conforme foi divulgado”, afirmou Augusto Mbazo.

“Os órgãos eleitorais são braços operativos da Frelimo e isto ficou provado mais uma vez nestas sextas eleições autárquicas. Somos um Estado autoritário que se faz passar por um Estado democrático, também ficou provado aqui, porque há todo um esforço de não se respeitar aquilo que é a vontade do povo”, acrescentou.

Segundo o candidato do MDM à capital moçambicana, durante o processo de votação registou-se uma “tentativa continuada de enchimento das urnas por parte dos órgãos eleitorais através de alguns presidentes das mesas, mas também através de alguns observadores”.

“Mas, como este processo não alcançou os objetivos desejados, passou-se para o plano B, na fase apuramento intermédio a nível dos distritos, utilizou-se editais falsos, cujos dados eram diferentes dos dados dos editais originais obtidos nas mesas de votação. Esse processo foi forçado e decorreu sob protesto dos representantes dos partidos da oposição”, denunciou.

“Mas também, nesta fase, não se conseguiu alcançar o objetivo desejado e passou-se para o plano C, aqui não se fez o apuramento a nível provincial, o STAE reuniu-se numa sala qualquer, sem a presença dos representantes dos partidos da oposição, e inventou números, que distribuiu pelos três partidos: Frelimo, Renamo e MDM. E essa distribuição foi de acordo com a vontade do partido Frelimo”, criticou ainda Augusto Mbazo.

“A megafraude, a manipulação dos resultados eleitorais, visam criar um ambiente de guerra para o senhor Filipe Jacinto Nyusi [Presidente da República] e o partido Frelimo manter-se no poder ilegitimamente”, afirmou no domingo, em Maputo, o líder da Renamo, Ossufo Momade, no final de uma reunião extraordinária alargada da Comissão Política Nacional, anunciando manifestações nacionais de repúdio a partir de terça-feira e o recurso aos tribunais.

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país na quarta-feira, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos. Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelo STAE nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frelimo venceu em 49 e o MDM na Beira.