O território que está sob a égide do Reino Unido no arquipélago de Chagos foi formalmente contestado na sequência de o embaixador maurício na ONU, Jagdish Koonjul, ter hasteado a bandeira da República da Maurícia no topo da ilha de Peros Banhos, avança o jornal britânico The Guardian.

Numa cerimónia na segunda-feira, as autoridades maurícias cantaram o hino nacional do país e o padrão vermelho, azul, amarelo e verde foi levantado no mastro da bandeira.

"Estamos a realizar o ato simbólico de hastear a bandeira, como os britânicos fizeram tantas vezes para estabelecer colónias. Nós, no entanto, estamos a recuperar o que sempre foi nosso”, disse Koonjul.

Depois, foi a vez de o primeiro-ministro mauritano, Pravind Jugnauth, fazer-se ouvir por meio de uma mensagem pré-gravada, transmitida num altifalante aos cidadãos de Chagos, oficiais da ilha maurícia e meios de comunicação reunidos na praia.

Como consequência desta ação, foi colocada uma placa debaixo da bandeira, onde se lê: "Visita da delegação da Maurícia ao arquipélago de Peros Banhos, na República da Maurícia, no contexto de uma expedição científica ao recife de Blenheim".

"É a primeira vez que a República da Maurícia lidera uma expedição a esta parte do seu território", disse. "Sinto-me triste por não ter podido fazer parte desta visita histórica”. Jugnauth acrescentou que a mensagem que quer “passar ao mundo” é a de que irão assegurar uma “sábia gestão do território” – segurança marítima, a conservação do meio marinho e os direitos humanos, numa clara referência ao regresso dos habitantes de Chagos.

Num telefonema ao jornal britânico The Guardian, pouco depois de a bandeira ter sido hasteada, o primeiro-ministro da Maurícia afirmou: "Este é um momento muito emotivo para mim e um momento altamente histórico para nós porque somos capazes de erguer a nossa bandeira no nosso próprio território. A comunidade internacional e as instituições internacionais já decidiram que este é o nosso território. O que estamos a fazer é legítimo."

Questionado sobre uma possível reação da República da Maurícia caso os oficiais do Reino Unido decidam retirar a bandeira recém-implantada, Jugnauth disse que se a removerem "isso vai ser considerada uma provocação da sua parte", já que o Reino Unido "não estará assim a respeitar os julgamentos feitos pela lei internacional".

Em 2019, as Nações Unidas já tinha comunicado a obrigatoriedade da devolução das Ilhas Chagos à República da Maurícia.