“Não somos ideologicamente amorfos, nem subscrevemos as teses do fim das ideologias. Uma coisa, é perceber que o pensamento clássico evoluiu e não se coaduna totalmente com a realidade que vivemos. Coisa diferente, é subordinar a governação de um país a um tecnicismo despido de ideologia e de preocupações com as pessoas e com aqueles que, em cada momento no seu percurso histórico, são os seus valores, os seus princípios éticos e as suas justas aspirações”, afirmou, no seu discurso de abertura do 39.º Congresso do PSD.

O líder do PSD salientou que, se ser social-democrata em 2022 “não é o mesmo que o ter sido há 50 anos atrás”, “os princípios e os objetivos que norteavam a social-democracia permanecem, hoje, rigorosamente os mesmos”.

“Há momentos em que a social-democracia tem de ter respostas de perfil mais à direita, e outros em que o faz com uma postura mais à esquerda. E é assim que tem de ser, precisamente porque nos colocamos ao centro e, por isso mesmo, temos de estar sempre disponíveis para corrigir os excessos, sejam eles de direita ou de esquerda”, disse.

Rio rejeitou que o partido seja liberal no sentido de “minimizar ou até desprezar o Estado”, mas é “pela total e completa liberdade individual, quando ela não é limitadora dos direitos de todos e de cada um”.

“É, por isso, que, ainda hoje, tantos anos volvidos, aquele que mais me inspira é o mesmo que sempre mais me inspirou: Francisco Sá Carneiro. A sua frontalidade, coerência, e coragem, aliadas aos períodos em que viveu a sua vida política, fizeram dele e da sua memória um farol para todos os sociais-democratas”, afirmou.

Rio deixou ainda um elogio ao militante nº 1 do partido, Francisco Pinto Balsemão, à cabeça, e uma palavra pelo histórico assessor do partido, Zeca Mendonça.

Rio acusa PS de imobilismo, propaganda e seis anos perdidos na justiça

O presidente do PSD, Rui Rio, acusou hoje o Governo de PS de "seis anos perdidos", "imobilismo e propaganda" na justiça, insistindo na necessidade de uma reforma neste setor.

"É no setor da Justiça, que, em Portugal, mais se nota o imobilismo e a incapacidade para dar uma resposta satisfatória às necessidades da sociedade, seja na área cível, no crime ou, especialmente, na área administrativa e fiscal, onde um cidadão pode esperar mais de quinze anos por uma sentença", afirmou Rui Rio no discurso de abertura do 39.º Congresso Nacional do PSD, que decorre até domingo em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro.

A justiça, uma das bandeiras do presidente do PSD, foi um dos pontos da intervenção que serviu para fazer duras críticas ao PS, considerando que dos socialistas "pouco ou nada" se pode "esperar nesta área fundamental da vida coletiva".

"Nestes seis anos, para lá de aumentar os salários dos magistrados em choque frontal e injusto com o que não fez com os demais servidores públicos, o Governo de António Costa e Francisca Van Dunem notabilizou-se pelo imobilismo, pela propaganda - por vezes de forma demasiado ostensiva e descarada - e pelo processo indecente como foi nomeado o representante de Portugal na Procuradoria Europeia", criticou.

Para Rio, "sem uma justiça célere e eficaz, isenta e competente, não há democracia de qualidade".

"São lindas as palavras que falam em presunção de inocência e em direito à honra e ao bom nome de todo e qualquer cidadão. É feia, muito feia, a hipocrisia política que aceita com evidente incoerência a grosseira violação quotidiana desses valores primeiros do Estado de Direito e da nossa civilização", sustentou.

É por isso que o PSD, de acordo com o seu presidente reeleito, tem insistido e continuará a insistir "numa reforma deste setor, que tão longe está daquelas que são hoje as novas dinâmicas sociais".

Na análise de Rui Rio, foram "seis anos perdidos" para a justiça "por uma governação socialista", onde casos paradigmáticos como o BES, Operação Marquês ou capitalização pública do Novo Banco continuam por resolver.

"E o que é mais grave, é que é precisamente nesta área da governação onde mais ação e mais competência tem de haver, para combater a corrupção e o compadrio - um mal que assola o nosso país e que não só tanto o tem prejudicado, como tanto tem minado a credibilidade das nossas instituições", referiu.

Rio diz que PS "é uma desilusão" e defende que PSD "não é igual"

O presidente do PSD, Rui Rio, acusou hoje o PS de ser "uma desilusão", avisou que os sociais-democratas não são iguais, e prometeu, se for Governo, "começar a inverter as políticas centralistas".

A partir da descentralização, Rio procurou fazer uma demarcação mais geral com os socialistas, que acusou de falta de coragem para fazer reformas.

"Como partido de sistema que é, o PS sempre fará tudo para que o sistema permaneça imutável e para que, dessa forma, continue a servir com fiel eficácia um aparelho socialista. Nas palavras e na propaganda, o Partido Socialista é um encanto. Na ação, na coerência e na coragem, o PS é, quase sempre, uma desilusão", criticou, no discurso de abertura do 39.º Congresso do PSD.

Rio alertou que, "apesar de volta e meia, o PS erguer a bandeira da regionalização e da descentralização com pompa, circunstância e aparato mediático", na prática "inventa dificuldades e calendários esdrúxulos para que nada de concreto aconteça".

"O PS enche a boca com a descentralização, faz discursos inflamados para agradar a quem reclama um país territorialmente justo e equilibrado, mas, na hora da verdade, os socialistas são sempre iguais a eles próprios. Na hora da verdade, o PS mete o rabo e o discurso entre as pernas e não tem coragem para honrar a sua própria palavra", acusou.

Por isso, deixou um apelo: "Não podemos deixar que pensem que somos iguais a eles - porque realmente, não somos", afirmou, apontando o centralismo como "um dos maiores falhanços do 25 de Abril".

"Temos de ir para o Governo, com a firme vontade de agarrar este dossier com coragem e começar a inverter as políticas centralistas que, há tantos anos, têm marcado a política nacional", afirmou.

Rio propõe-se vencer legislativas para governar "com rigor e coragem" que tem faltado

O presidente do PSD, Rui Rio, apontou hoje como objetivo para o partido vencer as legislativas de 30 de janeiro para "governar Portugal com o rigor e coragem" que acusou o PS de não ter tido nos últimos seis anos.

"O Partido Social Democrata propõe-se ganhar as próximas eleições de janeiro e governar Portugal com o rigor e a coragem que tanto nos tem faltado. Governar Portugal com a visão reformista que uma sociedade dinâmica e em constante mutação exige a quem se propõe governá-la", afirmou Rio, no discurso de abertura do 39.o Congresso do PSD, numa passagem que mereceu aplausos da sala.

O presidente do PSD, que centrou o seu discurso em áreas como a descentralização e a justiça, prometeu dedicar mais tempo na intervenção de encerramento a setores como a economia, na saúde, na educação ou no ambiente.

"Em todas elas se nota uma degradação, fruto da falta de rigor, do facilitismo e da ausência de coragem por parte de quem nos governou nas duas últimas legislaturas", criticou.

Rio defendeu que, apesar da pandemia, os objetivos do seu anterior mandato "estão cumpridos para lá do prometido".

"Temos a implantação autárquica fortemente reforçada, temos a penetração na sociedade conseguida e a credibilidade junto do eleitorado conquistada. Conseguimos ainda a recuperação do Governo dos Açores e da Câmara Municipal de Lisboa, êxitos nos quais muito poucos acreditavam", sublinhou.

Por isso, o presidente do PSD escolheu terminar o discurso de abertura com as mesmas palavras com que acabou o anterior Congresso.

"É este o rumo que o partido vai seguir, no sentido de chegarmos ao próximo Congresso Nacional com o apoio eleitoral dos portugueses plenamente conseguido e com um País governado por um executivo do PSD", afirmou, manifestando-se convicto que, dentro de dois anos, poderá repetir "que os objetivos foram alcançados e que os portugueses escolheram a social-democracia para conduzir Portugal".

"Estou certo de que, juntos, o vamos conseguir", afirmou, dizendo esperar a ajuda, incentivo e "lealdade de todo mais".