No final de uma audiência com o Presidente da República, Rui Rio foi questionado se irá colocar o lugar à disposição na reunião de quinta-feira da Comissão Política Nacional (CPN) do PSD, depois de no domingo ter admitido sair caso se confirmasse a maioria absoluta do PS, o que veio a acontecer.

“Não posso dizer mais do que disse no domingo à noite e também o faço de propósito: não se deve fazer um espetáculo e tudo deve ser pensado na CPN e não na praça publica”, defendeu, afirmando que na quinta-feira, no final da reunião, responderá a todas as perguntas.

Ainda assim, Rui Rio assegurou que irá tomar posse como deputado e, questionado se ainda estará em funções na discussão e votação do Orçamento do Estado para este ano, respondeu afirmativamente.

“No Orçamento de 22 eu vou estar de certeza absoluta, eu já disse que não sou de espetáculos, não contem que na quinta diga que me vou embora e na sexta já não estou cá”, afirmou.

Questionado como viu o seu vice-presidente Salvador Malheiro apontar Luís Montenegro como alguém com boas condições para lhe suceder como presidente do PSD, Rio respondeu: “Ver, não vi, mas contaram-me. Tudo aquilo que tem a ver com a vida interna do partido deverá ser debatido, na minha opinião, dentro do partido”.

“É isso que vou fazer a partir de amanhã, espero que todos façam o mesmo em nome da dignidade do próprio partido para dar uma imagem madura e adulta sem grandes histerias”, aconselhou.

Instado a comentar as palavras do líder do Chega que disse que será líder da oposição enquanto o PSD se estiver a reorganizar, Rui Rio voltou a dizer, como tinha referido na campanha, que André Ventura é uma pessoa “com humor”.

“O PSD representa quase um terço dos portugueses, é muito maior do que o Chega, tem um presidente e fará a oposição que deve fazer com este presidente. No dia em que for outro, fará com outro. Não há espaços em branco, todos nós cumprimos até ao último dia a função para que fomos eleitos”, assegurou.

O presidente do PSD afirmou que, desde a noite eleitoral de domingo, recebeu dezenas ou centenas de mensagens, mas recusou transmitir qualquer “sensibilidade” antes da reunião da CPN.

De acordo com os resultados provisórios das legislativas (e que ainda não incluem os quatro deputados eleitos pela emigração), o PSD conseguiu 27,8% dos votos e 71 deputados sozinho, subindo para 76 deputados e cerca de 29% do total dos votos somando os valores obtidos nas coligações de que fez parte na Madeira e dos Açores.

Ainda assim, quando se somarem os deputados da emigração, o PSD deverá ficar abaixo dos 79 que tem atualmente e ficou a quase 14 pontos percentuais do PS, que teve a segunda maioria absoluta da sua história.

Na noite de domingo, Rui Rio abriu a porta à saída da liderança do PSD, cargo que ocupa desde janeiro de 2018, caso se viesse a confirmar a maioria absoluta do PS nestas eleições legislativas (o que aconteceu), considerando que dificilmente será útil nessa conjuntura, sem, contudo, verbalizar explicitamente a sua demissão nem adiantar que passos irá dar internamente.

"Particularmente se se confirmar que o PS tem uma maioria absoluta – tem, portanto, um horizonte de governação de quatro anos –, eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento. O partido decidirá", declarou Rui Rio.

(Artigo atualizado às 19:21)