Em entrevista hoje à noite no jornal da SIC, o autarca afirmou: “O PS continua a apoiar-me ou não continua. São coisas que terá de lhe perguntar a ele [António Costa]”, no mesmo dia em que o movimento da sua recandidatura às autárquicas de outubro disse que “nas condições atuais, não aceita o apoio do PS”.

Apesar de não fechar em definitivo a porta a uma manutenção do apoio do PS, o presidente da Câmara do Porto criticou os socialistas por, pela voz da sua secretária-geral-adjunta, Ana Catarina Mendes, ter tentado “fazer crer que há uma coligação informal” entre o PS e o movimento independente que apoia Rui Moreira.

Questionado sobre se pretende incluir na sua lista Manuel Pizarro, que em 2013 liderou a candidatura do PS à Câmara do Porto e, como vereador, assinou um acordo com Rui Moreira para assumir pelouros no mandato, Rui Moreira disse esperar contar com ele “pela competência, pelo seu desempenho, não por ser dirigente ou militante socialista”.

“O doutor Manuel Pizarro tem sido de uma enorme lealdade e de uma enorme competência (…). Toda a gente entenderá que seja convidado por mim para a vereação”, disse, sublinhando, porém, que “o número dois da lista será em qualquer caso uma pessoa independente” do movimento que apoia Moreira.

“Esperava [antes de ter criticado as “pressões” do PS] e espero continuar a contar com ele na minha lista. Tem sido fundamental na concretização do nosso programa, que tem sido sufragado pelos eleitores e ao qual o PS aderiu quando nós fizemos um acordo com o partido e se comprometeu a cumpri-lo. E tem-no feito”, acrescentou.

As declarações de Rui Moreira foram feitas depois de, também hoje, a Comissão Política do movimento independente Rui Moreira — Porto, O Nosso Partido ter anunciado que, “nas condições atuais, não aceita o apoio do PS” à recandidatura do autarca.

“A Comissão Política não aceita condicionalismos, porque isso coloca em causa a independência da candidatura”, explicou à Lusa a fonte daquela estrutura, explicando que a decisão surge na sequência de declarações da secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, que Rui Moreira entendeu como uma tentativa de pressão para inclusão de socialistas nas listas do movimento independente.

“Não aceitamos que o PS tente fazer crer que há uma coligação informal entre o partido e o nosso movimento. Ficou claro desde há quatro anos que temos um movimento independente de cidadãos e temos gosto se os partidos entenderem apoiar-nos. [Mas] o apoio de um partido não pode ser transformado numa coligação formal ou informal. Eu nunca me candidatarei por nenhum partido, nunca me candidatarei numa coligação”, sublinhou Rui Moreira, na entrevista à SIC.

Para o independente, “essa forma [de pressão para listas] que se fez sentir foi clara e oficial através da senhora secretária-geral-adjunta, que primeiramente numa entrevista ao Expresso manifestou essa vontade e depois também numa entrevista que deu ao Observador na quarta-feira”

“Isto já depois de, numa entrevista que dei ao Público, ter explicado que não era essa a lógica do nosso movimento”, acrescentou.

Essa lógica passa, segundo Rui Moreira, de “escolher entre os melhores”, apontando, como exemplos disso, que na atual vereação da Câmara do Porto há pessoas que concorreram contra si, nomeadamente do PS, próximas do BE e do CDS.

“E mais recentemente fui buscar um vereador eleito pelo PSD, porque considerava que precisava dele para trabalhar pela cidade. O que pretendo ter é a liberdade que um movimento independente deve ter, porque não está em coligação de escolher aqueles que são melhores”, declarou.

O autarca disse ter tido uma conversa telefónica com o líder do PS, António Costa, mas anterior à segunda declaração de Ana Catarina Mendes, na sequência da qual o movimento de apoio a Rui Moreira decidiu rejeitar o apoio socialista.

Frisando que “naturalmente” não vai revelar os termos dessa conversa, Moreira disse que António Costa “compreendeu que havia um incómodo já então” da parte do presidente da câmara.

“Eu já tinha feito saber a pessoas do PS desse incómodo e ele teve a gentileza de me ligar, apenas nesse sentido”, disse Rui Moreira, que na entrevista à SIC referiu ter contado hoje mesmo com o apoio do Partido da Terra, assim como do Nós Cidadãos.