Rui Reininho falava na cerimónia de apresentação do relatório sobre as hepatites virais em 2016 e início de 2017, durante a qual partilhou o sofrimento que passou nos tratamentos sucessivos que realizou desde que, em 1990, soube que estava infetado pelo vírus da hepatite C.

“Fui tentando tratamentos sucessivos desde 1990. Eram tratamentos violentíssimos”, disse o cantor, confessando que o desânimo era tal que várias vezes pensou em “acabar com a vida”.

Apesar da luta que travou contra a hepatite C, Reininho continuou a cantar e a reunir milhares de fãs nos seus espetáculos, levando alguns amigos a questionarem-se como o conseguia fazer, passando por tratamentos tão violentos.

Na altura, “as hipóteses de cura eram muito reduzidas”, afirmou, alertando para o estigma que rodeava a infeção.

“Como se diz na minha terra, não se apanha isto por ir à missa”, ironizou, lembrando que muitas vezes se tenta responsabilizar o doente com os comportamentos que teve.

“Há culpa própria, mas também há muitas regras que levam a isso”, disse.

Rui Reininho soube dos medicamentos inovadores, que chegaram a Portugal em 2014, embora ainda não estivessem acessíveis aos doentes, exceto mediante uma autorização especial, e foi nessa altura que pensou em emigrar para os obter mais baratos.

“No Egipto o tratamento ficava por 700 dólares”, disse, quando em Portugal o preço por tratamento começou por custar ao Estado 50 mil euros.

Esperou dois anos e assim que, mediante acordo entre o governo e os laboratórios, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) passou a disponibilizar o tratamento a todos os doentes, Rui Reininho recebeu o fármaco.

“Ao fim de um mês negativei. Já tinha negativado várias vezes, mas o vírus voltava sempre”, disse.

Ao fim de uma luta de 26 anos, Rui Reininho diz, a propósito da disponibilização destes tratamentos a todos os doentes, ter “orgulho” do país onde vive.

Dados oficiais indicam que foram já iniciados 11.792 tratamentos contra a hepatite C.

Dos 6.880 doentes que já concluíram tratamento, 6.639 estão curados, o que representa uma taxa de sucesso superior a 96%.

Estes tratamentos evitaram ainda 339 transplantes hepáticos, 1.951 carcinomas hepatocelulares e 5.417 casos de cirrose.

No Dia Mundial das Hepatites, os dados hoje revelados indicam que, em Portugal se estima que 0,4 a 1% da população seja portadora de hepatite B. Quanto à hepatite C, mais de 17 mil pessoas estão assinaladas como vivendo com a infeção crónica.

No que respeita à hepatite A, o relatório dá conta de 378 casos de janeiro até 30 de junho. A Direção-geral de Saúde divulgou na quinta-feira novos dados que apontam para 402 casos confirmados da infeção.

Em 2015, as hepatites virais causaram 139 mortos.

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