A medida, que abrange os beneficiários do cartão de Saúde da Santa Casa, pretende libertar vagas nos centros de saúde do concelho de Lisboa.

“Aquilo que se pretende é, (…) através de um acordo e de um contrato-programa com o Ministério da Saúde, garantir que estas pessoas tenham na Santa Casa todos os direitos, tudo o que é acesso à equipa de família, ao médico de família, libertando vagas nos centros de saúde para outros utentes”, salientou Ana Jorge.

De acordo com a provedora da SCML, as negociações com o Ministério da Saúde visam apoiar cerca de 30 mil utentes que podem “optar por ter médico de família na Santa Casa, com todos os direitos que têm no Serviço Nacional de Saúde [SNS]”.

“Atribuindo médicos de família aos nossos utentes, eles podem optar por ficar só na Santa Casa, permitindo haver vagas [no SNS] para outras pessoas que não são utentes da Santa Casa. (…) Esta seria uma mais-valia para a população de Lisboa, porque poderiam ter acesso a mais médicos de família”, afirmou.

À Lusa, Ana Jorge lembrou que o centro de saúde de Telheiras (Lisboa) presta cuidados a cerca de cinco a seis mil utentes do SNS desde 2010, deixando em aberto a possibilidade de as pessoas terem acesso a médicos de família noutras unidades da SCML.

“Podemos (…), através deste contrato-programa com o Ministério da Saúde, permitir que mais utentes possam ter acesso a médicos de família nos centros de saúde da Santa Casa, (…) que teriam exclusivamente os direitos que têm todos os cidadãos no Serviço Nacional de Saúde. Os utentes da Santa Casa têm uma majoração dada às suas condições sociais e económicas ou outros benefícios”, realçou.

A provedora sustentou que a medida serve como suplemento ao SNS, promovendo o “acesso às consultas e vigilância em saúde”.

“Aquilo que nos parece interessante é que nós podemos ter o direito a fazer a opção: ou ficam na Santa Casa ou no Serviço Nacional de Saúde, exclusivamente. Se ficarem na Santa Casa também têm direito aos cuidados de saúde que os centros de saúde não prestam (…), no sentido de não estar na sua esfera da competência, (…) e têm direito aos meios complementares de diagnóstico e tratamentos como qualquer cidadão dentro do Serviço Nacional de Saúde”, sublinhou.

Santa Casa de Lisboa quer integrar equipas de ação social e saúde no apoio domiciliário

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) pretende integrar as equipas de ação social e saúde no apoio domiciliar, promovendo um plano individual através de um diagnóstico multidisciplinar, anunciou hoje à Lusa a provedora.

“Aquilo que nós queremos – e estamos a trabalhar para isso – é, fazendo uma experiência piloto numa zona de Lisboa, integrar estas duas equipas, fazendo um diagnóstico multidisciplinar de início – um programa para cada uma das pessoas que necessitam deste apoio [ou social ou de saúde]”, referiu Ana Jorge.

De acordo com a provedora da SCML, a instituição tem “neste momento dois ou três tipos de apoio domiciliário em funcionamento”.

“[A Santa Casa] tem o apoio domiciliário social, que abrange uma grande parte da população, com apoio de cuidados de higiene, cuidados alimentares, e que é feito pela ação social que integra não só as pessoas que fazem toda essa intervenção, como assistentes sociais e alguns psicólogos. (…) E depois temos – ao lado – o apoio domiciliário da saúde, com apoio de enfermagem e de médico sempre que é necessário”, salientou.

O objetivo de integrar a componente social com a de saúde tem como objetivo fazer um plano para cada pessoa e para cada família, tendo um acompanhamento mais regular.

“(…) Há muitas pessoas em casa que beneficiariam também de ter apoio de fisioterapeuta com alguma regularidade, ou de outro tipo de terapia ocupacional para as atividades da vida diária. (…) Temos profissionais destas áreas que se trabalharem em conjunto conseguem potenciar mais a sua intervenção e é por este caminho que queremos ir”, afirmou.

Ana Jorge disse à Lusa que os apoios já existem, o que não existe é a integração de equipas.

“Por isso, é que considerámos um projeto-piloto, porque isto implica uma mudança da forma de trabalhar. (…) É uma mudança que é preciso testar, trabalhar em conjunto, em pequenas equipas, para poder ser solidificado, refletido, perceber as mais-valias e aquilo que mais interessante do ponto de vista profissional, porque é bom para as famílias e para os profissionais”, observou.

Lembrando que “não é possível começar a integrar as equipas todas ao mesmo tempo”, a provedora da SCML adiantou que está a equacionar começar “na zona central de Lisboa”.

“Nós queremos e estamos neste momento a trabalhar para pôr [o projeto-piloto] no terreno. (…) Nós temos de começar por uma zona da cidade. Aquilo que estamos neste momento a pensar é na zona central da cidade – daquilo que é a parte central de Lisboa – e começar a integrar as equipas da Santa Casa e trabalhar com outras instituições (…) para potenciar intervenções”, sublinhou.