“Foi uma despedida do ponto de vista institucional, visto que terminarei agora o meu mandato, e também do ponto de vista pessoal, visto que quer como ministro dos Negócios Estrangeiros primeiro, e agora como presidente da Assembleia da República, colaborei sempre no âmbito das minhas competências com o senhor Presidente da República, e dele recebi sempre provas de simpatia, amabilidade e muito boa cooperação”, afirmou Augusto Santos Silva.

A segunda figura institucional do Estado falava aos jornalistas à saída de uma audiência que pediu ao Presidente da República e que durou cerca de meia hora, no Palácio de Belém.

Nas eleições legislativas do passado dia 10, Augusto Santos Silva foi o primeiro presidente da Assembleia da República a falhar a reeleição como deputado, na qual concorreu pelo círculo Fora da Europa.

Questionado sobre se gostaria de deixar algum conselho ao seu sucessor, o socialista respondeu apenas: “Não, não dou conselhos a ninguém, muito obrigada”.

Já sobre o que espera do desempenho do próximo hemiciclo, Santos Silva mostrou-se convicto de que “a Assembleia da República vai cumprir a sua missão institucional, as suas competências, quer do ponto de vista legislativo, quer do ponto de vista da fiscalização do Governo e da administração, quer do ponto de vista de ser o centro do debate político e democrático em Portugal”.

“Não tenho a mínima dúvida sobre isso”, acrescentou.

Sobre o seu futuro, Santos Silva disse apenas que na terça-feira, data prevista para o início da XVI legislatura, irá retomar as suas funções como professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Santos Silva foi eleito presidente do parlamento em 29 de março de 2022, chegando à segunda função na hierarquia do Estado Português depois de ter sido ministro em seis governos chefiados por três diferentes primeiros-ministros.

Augusto Ernesto Santos Silva nasceu em 20 de agosto de 1956, no Porto. É licenciado em História pela Faculdade de Letras do Porto, doutorado em Sociologia pelo ISCTE e professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Foi ministro de governos liderados por António Guterres, José Sócrates e António Costa, tendo sido ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2015 e 2019, no primeiro governo do chefe do executivo cessante. No segundo, entre 2019 e 2022, acrescentou a estas funções a pasta de ministro de Estado.

Tutelou ainda as pastas da Defesa Nacional (2009-2011), dos Assuntos Parlamentares (2005-2009), da Cultura (2001-2002) e da Educação (2000-2001).

Militante do PS desde 1989, Santos Silva foi um dos primeiros destacados socialistas a manifestar apoio à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa ao cargo de Presidente da República nas eleições de janeiro de 2021.