A Cruz Vermelha informou que luta para resgatar as famílias soterradas pela lama que invadiu as casas, e cadáveres foram retirados com escavadeiras na comunidade da colina de Regent, nesta terça, segundo conta um jornalista da AFP no local.

Ao falar com a imprensa em Regent, uma das áreas mais atingidas pela inundação, o presidente Ernest Bai Koroma não conseguiu conter as lágrimas ao afirmar que a devastação o "angustia".

"Comunidades inteiras foram arrasadas", disse Koroma no local do desastre, onde as fortes chuvas causaram uma corrente de lama e os deslizamentos cobriram casas de até três e quatro andares, muitas delas construídas ilegalmente.

"Precisamos de ajuda urgente", acrescentou o presidente.

O governo prometeu ajudar 3.000 pessoas atingidas que ficaram sem lar, abrindo um centro de emergência em Regent e quatro centros de registro, enquanto a Cruz Vermelha informou que 600 pessoas continuavam desaparecidas, embora o ministro do Interior tenha falado em milhares.

Ajuda Internacional

Israel e Grã-Bretanha informaram que enviarão ajuda o mais rápido possível à cidade atingida, que tem cerca de um milhão de habitantes.

O porta-voz da Cruz Vermelha, Patrick Massquoi, disse à AFP na segunda-feira que o balanço de mortos era de 312 mortos, mas outro funcionário da Cruz Vermelha Abu Bakarr Tarrawallie fixou o balanço em 245, num e-mail enviado à AFP esta terça-feira, enquanto os meios de comunicação locais e funcionários dão diversos balanços.

"Estamos a lutar contra o tempo, as inundações e o risco de doenças para ajudar as comunidades afetadas a sobreviver e enfrentar as suas perdas", declarou Tarrawillie.

No hospital militar da cidade, o encarregado de Saúde, Wilberforce Mohammed Rogers, disse que está a atender várias crianças que apresentam muitas feridas, entre elas um bebé de seis meses. Muitos perderam os pais, acrescentou Rogers.

Um jornalista da AFP viu pessoas atingidas a dormir em escolas, centros comunitários e ao ar livre, e outras foram para casas de familiares.

As inundações são um perigo recorrente na Serra Leoa, onde as chuvas torrenciais ocorrem muitas vezes sobre as casas precárias.

Em Freetown chove seis meses durante o ano ano. Em setembro de 2015 as inundações causaram 10 mortes na capital, onde cerca de 9 mil pessoas perderam os seus lares.

O ministro da Saúde alertou para os riscos para a saúde relacionados com as inundações, como a possibilidade de uma epidemia de cólera.

Juntamente com Guiné e Libéria, Serra Leoa faz parte dos países da África ocidental que foram mais atingidos pela epidemia de ébola, que matou mais de 11.300 pessoas entre 2013 e 2016.