Nestas ocasiões será entoado o toque fúnebre, indica a informação do Santuário, onde já hoje, na missa na Basílica da Santíssima Trindade, ao fim da manhã, foi lembrado o contributo de Bento XVI para a interpretação do fenómeno de Fátima e da sua Mensagem.

“Na sua peregrinação a este Santuário, Bento XVI recordou a missão profética da mensagem de Fátima: ‘Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída’. Deste modo, o Papa sublinhava a atualidade da mensagem de Fátima e chamava a atenção para a importância dos apelos de Nossa Senhora neste lugar”, disse, na homilia, o reitor do Santuário, Carlos Cabecinhas, numa referência à visita do papa emérito à Cova da Iria em maio de 2010.

Carlos Cabecinhas afirmou, ainda, que “quer nessa peregrinação, quer em outras ocasiões, por diversas vezes Bento XVI referiu-se a Fátima e à importância da sua mensagem. Ele caracterizou Fátima como ‘escola de fé’ e como ‘Cenáculo da fé’, no qual ‘a Virgem Maria nos indica o caminho para a nossa oblação pura e santa nas mãos do Pai’”.

Numa mensagem anterior, a meio da manhã, Cabecinhas lembrara a “relação muito especial” de Bento XVI com Fátima, onde esteve por duas vezes, em 1996, ainda cardeal, e em 2010, já como pontífice.

Carlos Cabecinhas sublinhou, então, o “grande amor à Igreja” que Bento XVI, que hoje morreu aos 95 anos, revelou aquando da sua renúncia, e lembrou que foi Joseph Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que fez o comentário teológico à terceira parte do chamado segredo de Fátima.

O reitor do Santuário da Cova da Iria, numa mensagem sobre a morte do papa alemão, evocou a visita de Bento XVI a Fátima, em maio de 2010, no décimo aniversário da beatificação dos videntes Francisco e Jacinta Marto, considerando-a uma “peregrinação particularmente significativa e festiva”.

Na sua mensagem, Carlos Cabecinhas exprimiu “uma profunda gratidão para com o Papa Bento XVI” por parte do Santuário.

“A gratidão de quem viu nele um pastor, a gratidão de quem pode beneficiar do aprofundamento teológico que ele deu à mensagem de Fátima, a gratidão de quem vê nele um grande amor à Igreja que foi aquilo que conduziu sempre no seu ministério, mas também no ato de renunciar ao seu pontificado”, afirmou.

O papa emérito Bento XVI, que morreu hoje com 95 anos, abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, a 11 de fevereiro de 2013, a dois meses de comemorar oito anos no cargo.

Joseph Ratzinger nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, e foi Papa entre 2005 e 2013.

Ratzinger tornou-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.

Os abusos sexuais a menores por padres e o “Vatileaks”, caso em que se revelaram documentos confidenciais do papa, foram casos que agitaram o seu pontificado.

Bento XVI ordenou uma inspeção às dioceses envolvidas, classificou os abusos como um "crime hediondo" e pediu desculpa às vítimas.

Durante a viagem a Portugal, em maio de 2010, Bento XVI disse que "o perdão não substitui a justiça".