"O Governo já tomou uma posição e o Presidente da República só pode subscrever a posição do Governo expressa pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, a saber: a compreensão da medida tomada por um aliado na resposta a uma violação de direito internacional e, por outro lado, Portugal esperando a posição conjunta da União Europeia e Nações Unidas que é fundamental para o futuro", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas à margem da inauguração de uma exposição sobre saúde, em Lisboa.

Questionado se a ação unilateral dos Estados Unidos não poderá significar uma escalada do conflito sírio, o Presidente da República salientou que, por isso, o Governo português tomou uma posição "muito cuidadosa".

"Dizer que compreende esta resposta a uma violação do direito internacional, uma resposta muito limitada, contra um alvo militar e não civil, com pré-aviso quanto a outros aliados naquele teatro de intervenções e esperando-se a tomada de posição da União Europeia e Nações Unidas", reiterou.

O parlamento português condenou hoje o "ataque com armas químicas na Síria", apesar dos votos contra do PCP e de "Os Verdes" ao texto conjunto apresentado pelo PS e PSD.

Os comunistas também apresentaram um voto contra a "agressão ao povo da Síria" e "as operações de desestabilização visando sabotar as negociações de paz", mas o texto foi rejeitado por sociais-democratas, socialistas e democratas-cristãos, além das abstenções de BE e PAN.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou também à moderação depois do ataque norte-americano contra uma base militar síria, sublinhando que a solução para a Síria deve passar pela política e não pela guerra.

Os Estados Unidos lançaram na madrugada hoje um ataque com 59 mísseis de cruzeiro contra a base aérea de Shayrat, de onde terão partido os aviões envolvidos no ataque com armas químicas que na terça-feira matou pelo menos 86 pessoas em Khan Sheikhun, no noroeste do país.

O bombardeamento de terça-feira foi assumido pelas autoridades sírias que, no entanto, negaram categoricamente ter usado armas químicas.

Na versão do regime de Bashar al-Assad, o ataque atingiu um depósito de armas químicas da Frente Al-Nosra, contrabandeadas para a província de Idleb a partir da fronteira com o Iraque e a Turquia, e que foram escondidas em zonas residenciais da zona.

Em resposta ao ataque, a Rússia já anunciou o reforço das defesas antiaéreas da base e pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.