"A sua pensão foi aumentada. Consulte o novo valor no recibo na Segurança Social Direta". Esta é a mensagem que a Segurança Social enviou, por telemóvel, a 2,7 milhões de reformados.

O governo justificou o procedimento como forma de "garantir um contacto rápido e eficaz com os cidadãos", mas a oposição diz que se trata de uma forma descarada de fazer campanha eleitoral pelo Partido Socialista usando os meios do Estado.

"Este envio de SMS e emails aos pensionistas é mais um momento em que o PS usa os recursos públicos para fazer campanha eleitoral. A máquina de propaganda do PS é viciada neste tipo de condutas e já nem tem vergonha que se perceba que o PS vê o Estado e o partido como uma e a mesma coisa", disse ao SAPO24 fonte oficial da IL.

"Como o PS não consegue fazer Portugal crescer para que todos possam ter uma vida melhor, aplica ao país um modelo de desenvolvimento que só gera pobreza, recorre a estes truques para enganar os portugueses com migalhas", acrescenta. "Este comportamento é ainda mais grave porque dirigido aos pensionistas, uma fatia da população tendencialmente mais vulnerável".

Também Nuno Melo, líder do CDS-PP, considera que "o SMS do PS, através do governo, a 2,7 milhões de pensionistas, instrumentalizando poderes de gestão na tutela para fins partidários, traduz uma forma despudorada e indigna de campanha eleitoral com os recursos alheios.

Se o PS já merecia perder as eleições por absoluta incompetência, com isto também as merece perder por razões de princípio e de decência".

O PSD está de acordo, e considera que "O PS tem uma tendência natural a achar que é dono do Estado. O Governo, através da Segurança Social, enviar uma mensagem desse género em vésperas de eleições, é um bom exemplo de um partido que tende a achar que é dono do Estado. Mais um exemplo de como PS está a necessitar de ir urgentemente para a oposição. O ambiente democrático agradecerá".

O Instituto da Segurança Social disse ao SAPO24 que "no ano de 2023, por exemplo, a Segurança Social utilizou este canal em diferentes momentos, nomeadamente para informar da atribuição do apoio extraordinário às famílias mais vulneráveis; para apelar à necessidade de registo e/ou atualização de IBAN na Segurança Social Direta e para informar do valor do aumento intercalar das pensões".

Ainda no ano passado, a Segurança Social diz que "reforçou os diferentes canais de comunicação com os cidadãos e as empresas, quer através dos meios já existentes (email e contacto telefónico) quer através da disponibilização de novos canais de interação. A título de exemplo, destacamos a newsletter mensal da Segurança Social, destinada a cidadãos e empresas, que começou a ser enviada por email, em novembro de 2023, com informação sobre novos serviços, datas e outros conteúdos úteis. Foi igualmente criado e disponibilizado um novo serviço digital, o balcão e-Clic, que permite aos cidadãos e às empresas relacionarem-se, de forma interativa, com a Segurança Social através de um canal único e direto".

A Segurança Social afirma que "tem em marcha um programa de Transformação Digital, que representa um investimento de 200 milhões de euros, no âmbito do PRR, com 85 medidas que têm como objetivos prioritários facilitar o relacionamento dos cidadãos com a Segurança Social, eliminar burocracia e aumentar a eficácia da proteção social".

A notícia foi inicialmente avançada pelo Nascer do Sol.

O PCP reagiu entretanto a esta notícia, e destaca dois aspetos fundamentais. "O primeiro tem a ver com o facto de a mensagem coincidir com um momento claramente pré-eleitoral. Vale o que vale, cada um tirará as suas conclusões", considera o deputado Alfredo Maia. No entanto, "a rapidez da comunicação contrasta com as inúmeras queixas de beneficiários da Segurança Social a pedidos de esclarecimento que ficam por responder".

"O segundo comentário é que o que gostaríamos é que o aumento que PCP propôs e que PS chumbou tivesse sido aprovado", e assim "as reformas baixas teriam tido um aumento já com algum significado, superior ao que se verificou".

Com que dinheiro? "Há dinheiro, a ministra do Trabalho e da Segurança Social veio embandeirar em arco com a robustez dos fundos da Segurança Social, com um discurso muito diferente do ano passado. Os recursos da Segurança Social são mais robustos do que governo fiz e é possível aumentá-los, basta aumentar o emprego e os salários".

(artigo atualizado às 18h10 com comentário do PCP)