"Primeiro, não haver dúvidas que se deve investigar até ao fim em matéria de factos e responsabilidades", defendeu o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas no final da inauguração do novo edifício do Hospital de Sant'ana, na Parede (concelho de Cascais).

Na primeira vez que se referiu a este caso, o Presidente da República elencou, além da investigação - que comparou até à do caso da morte de Comandos -, outras três questões que considera prioritárias.

"Segundo, que tem de se prevenir o futuro para que não haja de seis em seis anos furtos destes e com gravidade crescente", definiu, numa referência a um furto no Carregado (concelho de Alenquer) no final de 2010.

Em terceiro lugar, o chefe de Estado pediu que se investigue se existe alguma ligação entre este furto e outros dois que disse terem acontecido "nos últimos dois anos em países membros da NATO, um deles há poucos meses", sem especificar a que Estados se referia.

"Foram vários os furtos que parecem ter semelhança com este, tem de se apurar se sim ou se não", disse.

Por fim, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que, "se no percurso da investigação, que ainda não está no fim, for necessário tomar medidas cautelares", elas devem ser tomadas, salientando que não se trata de "medidas punitivas".

"Se for necessário tomar medidas que são meramente destinadas a facilitar a investigação, faz sentido tomá-las", disse, sem concretizar se se referia às cinco exonerações temporárias de comandantes de ramos anunciadas no sábado pelo Chefe de Estado-Maior do Exército.

A este propósito, o Presidente da República defendeu que o objetivo de tais "medidas cautelares" será "criar condições para que se investigue o que há para investigar, sem haver o melindre de expor imediatamente responsáveis por estruturas que estão ligadas ao que aconteceu".

No sábado, o porta-voz do Exército esclareceu que as exonerações de cinco comandantes decididas pelo chefe do ramo, Rovisco Duarte, são temporárias e vigoram até serem concluídas as averiguações ao furto de material de guerra em Tancos.

As unidades em causa ficarão a ser chefiadas pelos atuais segundos comandantes até haver conclusões sobre os processos de averiguação abertos na sequência do furto ocorrido nos Paióis Nacionais de Tancos (Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém), detetado na quarta-feira, disse o porta-voz do ramo, Vicente Pereira, contactado pela Lusa.

Os militares exonerados são o comandante da Unidade de Apoio da Brigada de Reação Rápida, tenente-coronel Correia, o comandante do Regimento de Infantaria 15, coronel Ferreira Duarte, o comandante do Regimento de Paraquedistas, coronel Hilário Peixeiro, o comandante do Regimento de Engenharia 1, coronel Paulo Almeida, e o comandante da Unidade de Apoio de Material do Exército, coronel Amorim Ribeiro.

O Exército anunciou na quinta-feira que foi detetada na quarta-feira ao final do dia a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois 'paiolins', tendo desaparecido granadas de mão ofensivas e munições de calibre nove milímetros.

Na sexta-feira, o Exército acrescentou que entre o material de guerra roubado na quarta-feira dos Paióis Nacionais de Tancos estão "granadas foguete anticarro", granadas de gás lacrimogéneo e explosivos, mas não divulgou quantidades.