"O relatório de informações equacionou cenários plausíveis, tendo em consideração a intenção dos eventuais agentes da ameaça, designadamente o possível envolvimento na ação criminosa, de estruturas criminosas organizadas, designadamente portuguesas ou estrangeiras, terroristas ou extremistas", revelou hoje o secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira.

Ouvido hoje na comissão parlamentar de Defesa Nacional, a requerimento do PSD, Júlio Pereira considerou "especialmente preocupante" a "intenção e capacidade de grupos criminosos" de infiltrar "estruturas estatais".

E, "neste contexto", acrescentou, "gostaria de mencionar o risco associado à saída das Forças Armadas de indivíduos que aí prestaram serviço, em especial nas forças especiais, e que posteriormente, sem qualificações que não sejam militares, se veem integrados na vida civil sem grandes perspetivas de futuro".
O chefe das secretas referiu, como exemplo, que no relatório de segurança interna de 2014 o SIS fez referência à posse de armas de fogo de calibre de guerra por parte de grupos criminosos".

"O fenómeno deveria ser objeto de acompanhamento pelas entidades competentes", defendeu.

No que toca ao furto de material militar, nos Paióis de Tancos, divulgado a 29 de junho, e questionado pelo BE, Júlio Pereira considerou "razoáveis" os argumentos de que o assalto exigiria "cumplicidade interna".

"Os argumentos de que este assalto exigiria algum grau de cumplicidade interno são razoáveis, designadamente se conjugarmos estes factos com outros factos que aconteceram anteriormente", afirmou, sem adiantar a que factos se referia.

Na sua intervenção inicial, o secretário-geral do SIRP disse ainda que "não tem sido referenciada, pelo menos recentemente, a utilização do tipo de material de guerra furtado em Tancos" por parte de grupos criminosos organizados.

O comércio ilícito de armas de fogo em Portugal "continua a constituir uma preocupação securitária" e "deve ser combatida".

Júlio Pereira defendeu que o furto de armas em Portugal leva a repensar os atuais sistemas de segurança, propondo a deteção remota e o registo eletrónico do material.

"A situação de Tancos levanta obviamente questões legadas com a segurança física de material e armamento que se encontra guardado", disse júlio Pereira, ouvido hoje na comissão parlamentar de Defesa Nacional.

O responsável máximo das secretas disse que, para além do material militar, já houve outras situações de desaparecimento de armas de fogo, explosivos, de uso militar, policial e civil em Portugal que leva a "repensar" o atual sistema de segurança.

"Estou a pensar por exemplo na realização de auditorias externas efetuadas por entidades terceiras nos casos que seja possível, o registo eletrónico de material sempre atualizado e enviado regulamente para o titular do cargo com competência para a fiscalização", sugeriu.

A possibilidade "ou mesmo obrigatoriedade" de implementação de sistemas de deteção remota, que permitem seguir o armamento, foram outras medidas sugeridas pelo secretário-geral do SIRP para "um verdadeiro programa" de "avaliação permanente da segurança que seja realmente eficaz".

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