No final de uma visita ao hospital Beatriz Ângelo, em Loures, no âmbito da iniciativa ‘Sentir Portugal’ – esta semana dedicada ao distrito de Lisboa -, Luís Montenegro foi confrontado com as críticas de Eurico Brilhante Dias, horas depois de o líder do PSD ter afirmado que os governantes que recusaram documentação ao inquérito da TAP incorrem num crime de desobediência qualificada e instado o presidente do parlamento a cumprir a lei e apresentar a queixa-crime ao Ministério Público.

“Abuso de poder? Isso é a coisa mais tonta de que já ouvi falar até hoje. Abuso de poder porquê? por assumir em nome do PSD a representatividade que o PSD tem na sociedade portuguesa? No dia em que deixar de o fazer, não ando aqui a fazer nada”, respondeu o líder do PSD.

Já às acusações de se estar a intrometer no trabalho da comissão parlamentar de inquérito (CPI), Montenegro considerou que são “para nos rirmos”.

“Se há intromissão na CPI é do Governo. Se o PS e o líder parlamentar não falam com os seus deputados é uma questão interna do PS, que os governantes falam não há dúvida nenhuma”, ironizou.

Em causa está o requerimento do PSD ao Governo para que enviasse à CPI sobre TAP os pareceres que deram “respaldo jurídico” ao despedimento por justa causa da anterior presidente-executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, o que foi recusado pelo executivo com os argumentos de extravasar o objeto do inquérito e “salvaguarda do interesse público”.

Em Loures, Montenegro reiterou as acusações que fez hoje em conferência de imprensa na sede nacional ao Governo, considerando que “não tem o direito de fazer qualquer consideração sobre a delimitação do objetivo da CPI” e voltou a colocar uma dúvida.

“Vamos deixar-nos de jogos políticos e de respostas e contra-respostas: há ou não parecer, o que é que diz o parecer, é isso que interessa ao povo”, considerou, questionando diretamente o primeiro-ministro, António Costa, porque está o Governo “a obstaculizar a descoberta da verdade”.