Um ano depois de iniciar o ciclo do aumento de juros mais rápido da história, o Banco Central Europeu (BCE) subiu hoje, como previsto, e pela nona vez, as principais taxas de juro em 25 pontos base, fixando-a em 4,25%, perante uma inflação considerada ainda elevada.

Na última reunião do BCE, em junho, a taxa de juro das principais operações de refinanciamento subiu para 4%, a taxa de facilidade de depósito passou para 3,50% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumentou para 4,25%.

Na altura, a partir de Sintra, Christine Lagarde avisou que a taxa voltaria a subir na próxima reunião. Tal como prometido, aí estão mais 25 pontos base que se refletem especialmente  no valor das prestações de quem está a pagar empréstimos bancários.

Esta quinta-feira, em conferência de imprensa após a reunião de política monetária do Conselho de Governadores, Lagarde afirmou que as perspetivas económicas se “deterioraram” na zona euro, devido à “fraca procura interna, ligada à inflação elevada e às condições financeiras mais apertadas”, que estão a “reduzir os gastos”.

A presidente do BCE antecipa que a economia deverá “manter-se fraca no curto prazo”.

Segundo Lagarde, refletindo estas dinâmicas, a produção industrial está mais fraca, contida pela fraca procura externa. O investimento imobiliário e comercial também está mais fraco, enquanto os serviços apesar de mais resilientes, especialmente o turismo, têm diminuído o ímpeto, acrescentou.

A responsável do BCE sublinhou ainda que “o mercado de trabalho continua robusto”, destacando que a taxa de desemprego se manteve em mínimos históricos de 6,5% em maio e “muitos novos postos de trabalho estão a ser criados, especialmente no setor dos serviços”.

O que é que isto significa? Que as pessoas têm mais poder de compra.

Ou seja, se a população tiver maior disponibilidade para comprar, haverá um aumento súbito pela procura e se a oferta não acompanhar essa procura, os preços aumentam, logo aumenta a inflação.

Por essa razão, diz-se que uma das melhores formas de travar o aumento dos preços é subir os juros.

Com esta teoria em mente, Lagarde continua a apelar aos governos para que retirem as medidas de apoio à crise da energia para evitar o aumento das pressões inflacionistas no médio prazo, o que de outra forma exigiriam uma resposta mais forte da política monetária.

Porquê esta fixação de Lagarde com a energia? Porque é com a energia que as famílias gastam mais.

Como exemplifica o Banco Central no seu portal, “no cálculo do aumento médio dos preços, os preços dos produtos em que se gasta mais – tais como a eletricidade – têm mais peso (isto é, uma ponderação maior) do que os dos produtos em que se gasta menos – por exemplo, açúcar ou selos de correio".

Basicamente, o que a senhora Lagarde quer é que as pessoas consumam menos e contraiam menos empréstimos.