“A política de imigração nos Estados Unidos é um assunto do governo dos Estados Unidos, tal como a política de imigração do nosso país deve ser estabelecida pelo nosso governo”, disse o porta-voz de de Downing Street numa declaração.

“Mas não estamos de acordo com este tipo de abordagem e não a vamos adotar”, acrescentou.

O porta-voz de May disse ainda que estão “a estudar esta nova ordem executiva para ver o que significa e quais são os efeitos jurídicos, e em particular quais são as consequências para os nacionais do Reino Unido”.

Numa ordem executiva assinada na sexta-feira, Donald Trump suspendeu a entrada de refugiados nos Estados Unidos por pelo menos 120 dias e impôs um controlo mais severo aos viajantes oriundos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Síria e Iémen durante os próximos três meses.

A primeira-ministra britânica acrescentou que o Reino Unido vai apoiar os seus cidadãos se eles forem afetados pelas novas medidas.

Theresa May emitiu a declaração depois de ter sido alvo de críticas no seu país, incluindo de figuras políticas conservadoras, por não ter condenado a nova política de imigração dos Estados Unidos quando foi questionada pelos jornalistas no sábado em várias ocasiões durante a sua visita oficial à Turquia.

Nessa viagem, May só declarou a respeito que “os Estados Unidos são responsáveis pela política dos Estados Unidos sobre os refugiados”.

A imprensa britânica afirma que o decreto assinado por Trump pode afetar os britânciso com dupla nacionalidade com os países afetados, citando, entre outros, o medalhado olímpico Mo Farah.

O deputado britânico conservador Nadhim Zahawi disse, no sábado à noite, que se encontra impedido de entrar nos Estados Unidos, devido às restrições à imigração decretadas pelo presidente norte-americano Donald Trump.

Nadhim Zahawi, militante do partido da primeira-ministra Theresa May, disse ter confirmado que nem ele, nem a mulher, ambos de origem iraquiana, podem entrar nos Estados Unidos da América, enquanto vigorarem as restrições à entrada de cidadãos de países muçulmanos, entre os quais se encontra o Iraque, embora sejam detentores de passaportes britânicos.

“Este é um dia triste, por me sentir como um cidadão de segunda classe. Um dia triste para os EUA”, escreveu Zahawi, na sua página oficial no Twitter.

A deputada trabalhista Yvette Cooper foi uma das figuras que criticou a primeira-ministra britânica, por esta se ter recusado a criticar as disposições anti-imigração de Trump, afirmando que tal facto “envergonha a Grã-Bretanha”.

A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, baleada na cabeça em 2012 para parar a sua campanha pela educação das meninas e uma das vencedoras do Prémio Nobel da Paz de 2014, disse que tem o coração despedaçado pela proibição de os refugiados entrarem nos Estados Unidos durante quatro meses.

Nos Estados Unidos, no sábado várias pessoas sofreram já o impacto direto das novas medidas de imigração.

Só em Nova Iorque, mais de uma dezena de pessoas foram retidas no aeroporto internacional JFK, incluindo dois cidadãos iraquianos que tinham obtido vistos especiais para irem para os Estados Unidos.

Além da indignação, nas primeiras horas desde a aplicação das medidas da Casa Branca provocaram confusão e caos em cidades e aeroportos de todo o mundo devido à falta de clareza sobre alguns detalhes.