Khan foi amplamente reeleito para um terceiro mandato, uma situação sem precedentes na capital britânica.

"É a honra da minha vida servir à cidade que amo e sinto-me mais do que honrado neste momento", disse Khan aos apoiantes depois de conhecer o resultado, enquanto prometia que se propunha a "retribuir a confiança" dos eleitores e trabalhar por uma capital "mais justa, segura e verde".

Os primeiros resultados já apontavam na sexta-feira para a maior derrota dos conservadores em 40 anos em eleições locais, sendo que perdem no Reino Unido há 14 anos.

Os trabalhistas também venceram em outras grandes cidades como Manchester, Liverpool, Leeds ou Sheffield, bem como na área de York e North Yorkshire, onde o círculo eleitoral que representa o primeiro-ministro.

Além das eleições para escolher councils, presidentes de câmara e outros cargos em Inglaterra e no País de Gales, houve uma eleição legislativa parcial, que os trabalhistas venceram, conquistando um novo assento dos conservadores em Westminster.

Os conservadores defendiam cerca de mil conselhos e autarquias, dos quais perderam cerca da metade, de acordo com os resultados destas eleições, que ocorreram na quinta-feira.

"Vamos virar a página"

A ampla vitória dos trabalhistas alimenta as suas esperanças de ver o seu líder, Keir Starmer, em Downing Street após as eleições gerais que Rishi Sunak pretende convocar antes do final do ano.

"Vamos virar a página do declínio e iniciar a renovação nacional com o Partido Trabalhista", declarou Starmer este sábado em Mansfield, na região de East Midlands, onde celebrou a eleição da autarca Clare Ward.

Na disputada West Midlands (Birmingham), o conservador Andy Street -que procurava um terceiro mandato- foi surpreendentemente derrotado pelo trabalhista Richard Parker.

Os conservadores têm que se contentar com uma única vitória, a reeleição do autarca de Tees Valley (leste), Ben Houchen, anunciada na sexta-feira.

Rishi Sunak foi parabenizá-lo, considerando-o um sinal de que os conservadores ainda podem reverter a situação.

Essa vitória demonstra que "os conservadores estão a cumprir a sua promessa", declarou, elogiando o sucesso de vários projetos económicos e expressando a sua confiança de que os eleitores "continuarão a ser leais" nas eleições gerais.

Londres, a cereja no bolo

A cereja no bolo para os trabalhistas foi a vitória de Khan em Londres com 43,8% dos votos, frente à conservadora Susan Hall, com 32,7%, uma margem superior à da sua primeira reeleição contra o seu rival em 2021.

O filho de migrantes paquistaneses e primeiro autarca muçulmano de Londres, de 53 anos, no cargo desde 2016, supera assim a marca de dois mandatos à frente da capital, que partilhava com o seu antecessor e ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

Outro sinal preocupante para Sunak é o surgimento do partido nacionalista e populista Reform UK, fundado pelo pró-Brexit Nigel Farage, que ameaça tirar votos dos conservadores nas eleições gerais.

No entanto, o cenário também não é perfeito para os trabalhistas, que perderam apoio em comunidades com grande população muçulmana, num contexto de críticas sobre a sua posição no conflito entre Israel e o Hamas em Gaza.

Segundo John Curtice, professor de Ciências Políticas, os trabalhistas beneficiaram mais do "desejo [dos eleitores] de derrotar os conservadores" do que do "entusiasmo" pelo seu partido nessas eleições, onde a participação foi baixa (menos de 30% na maioria das regiões).

No entanto, "nada nesses resultados altera a impressão, criada há muito tempo pelas sondagens, que os trabalhistas estão a caminho da vitória nas próximas eleições gerais", acrescentou na sua análise para o jornal The i.