Pressionado por uma crise política que ameaça paralisar seu governo, com menos de seis meses de mandato, o Presidente norte-americano disse que as investigações sobre o suposto envolvimento entre membros da sua campanha presidencial e a Rússia não passam de uma "caça às bruxas".

Ao ser questionado, durante uma conferência de imprensa na Casa Branca, sobre se, em algum momento, pressionou o então diretor do FBI, James Comey, Trump respondeu secamente: "Não. Próxima pergunta".

Em causa está uma a acusação que de Trump terá pedido ao ex-diretor do FBI James Comey - entretanto demitido pelo Presidente - que abandonasse esta linha de investigação, o que pode configurar uma obstrução à Justiça. Esta investigação visava o ex-assessor de segurança nacional Michael Flynn, obrigado a demitir-se no dia 13 de fevereiro por omitir os repetidos contactos que manteve com o embaixador russo em Washington no ano passado, durante os quais abordou as sanções americanas a Moscovo.

Trump acabou por demitir James Comey, o que foi visto pelos críticos como uma forma de travar a investigação em curso sobre as alegadas interferências russas nas últimas eleições norte-americanas, vencidas por Trump. Neste âmbito, o Comité dos Serviços de Informação do Senado - que averigua a alegada ingerência russa - pediu ao FBI que entregue as notas redigidas pelo ex-diretor James Comey sobre as conversações tidas com a Casa Branca e com o Departamento de Justiça, e requisitou o testemunho de Comey perante o Senado. Além disso, foi nomeado pelo Departamento de Justiça da Administração Trump o ex-diretor do FBI Robert Mueller -  diretor do FBI de 2001 a 2013 depois dos atentados cometidos no 11 de setembro em Nova Iorque e em Washington - para dirigir esta investigação.

Esta quinta-feira, Trump disse "respeitar" a decisão do Departamento de Justiça, mas ressaltou que o gesto contribui para "dividir" o país.

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Caça às bruxas

"Eu respeito a medida, mas tudo é uma caça às bruxas, e não houve conluio entre mim ou da minha campanha e a Rússia. Zero. Acho que é uma decisão que divide o país", disse Trump, durante uma conferência de imprensa conjunta com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, distinguido com o Nobel da Paz pelos seus esforços no âmbito do acordo de paz com as FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Para Trump, a ideia de que, nos últimos meses, tenha cometido qualquer ato passível de uma investigação criminal é "totalmente ridícula".

"Espero, francamente, poder deixar isso para trás", concluiu.