Qual a informação que Trump partilhou?
Segundo o The Washington Post, Trump revelou detalhes secretos acerca da intenção do Estado Islâmico em instalar explosivos em computadores portáteis, com a finalidade de fazer explodir aviões comerciais. A Casa Branca veio desmentir a notícia, mas Trump confirmou, através da rede social Twitter, que partilhou alguma informação com o Kremlin sobre terrorismo e segurança aérea.
Trump cometeu um crime?
O presidente americano tem amplos poderes para tornar público material sigiloso, segundo especialistas. Alguns argumentam que, ao repetir uma informação secreta, o presidente está a "desclassificá-la". Assim, nenhum crime teria sido cometido.
"Não acho que tenha feito nada ilegal. No geral, o presidente tem o poder de 'desclassificar' material. Mas seria possível alegar que foi descuidado. O facto de se ter autoridade legal para fazer algo não significa que aquilo que se faz está certo", explicou a professora de Direito Cristina Rodríguez, da Universidade de Columbia.
Quais as regras que Trump violou?
Outros especialistas afirmam que divulgar material secreto a um adversário tão poderoso como a Rússia - e que os EUA nem partilharam com seus aliados - poderia constituir uma violação do juramento que Trump fez na tomada de posse como presidente.
Trump jurou "preservar, proteger e defender" a Constituição dos Estados Unidos e, nesse sentido, partilhar informação secreta com Moscovo - acusado de interferir na eleição presidencial do ano passado - pode ser visto como uma violação desse juramento.
"Poderia subir ao nível de uma infração digna de um impeachment. Não precisa de ter cometido um crime para isto. É possível enfrentar um impeachment por abuso de poder, ou abuso da confiança pública", disse Rodríguez.
Quem poderia investigar?
Qualquer investigação que possa levar a um julgamento político tem de ser impulsionada pelo Congresso. No entanto, como a informação foi divulgada entre funcionários russos de alto escalão e os congressistas democratas já pressionam para que se designe um procurador especial para investigar uma possível ligação entre o comité de campanha de Trump e a Rússia, esse procurador independente - se chegar a ser nomeado - também poderia considerar assumir este caso.
O professor de Direito da Universidade de Nova Iorque David Golove afirmou que o ato de Trump pode ser interpretado como imprudente ou como um "gesto de boa-fé" para cimentar as relações com Moscovo. "Isso pode ser considerado como algo próprio das suas atribuições como chefe de Estado e das Forças Armadas , mesmo que, de fora, possa parecer um equívoco", completou.
O Congresso julgará Trump?
Os republicanos apoiaram o presidente, portanto há ainda uma baixa probabilidade de que se mobilizem os procedimentos para um impeachment. A irritação da opinião pública pode pressionar o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, que teria de pesar este inconformismo dos eleitores contra os interesses do seu partido. "Não há probabilidades de um impeachment enquanto os republicanos protegerem Trump", afirmou Golove.
A recolha de informação será afetada?
Alguns críticos temem que os aliados dos EUA não queiram partilhar dados relevantes com organismos de Inteligência do país, ao considerar que essa informação pode terminar em mãos erradas.
Também existe o medo de que a Rússia possa utilizar a informação obtida para rastrear a própria fonte e evitar que seja utilizada contra as suas próprias atividades na Síria.
"Deixando de lado o tema da legalidade, está claro que ninguém deve comprometer uma fonte de informação", afirmou Mark Rozell, decano de Governo e Política da Universidade George Mason.
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