O presidente Barack Obama chegou a pedir que os pré-candidatos da corrida presidencial evitem os insultos e a violência. No último de uma série de incidentes que ocorreram no sábado, um homem tentou aproximar-se de Trump, que discursava na pista do aeroporto de Dayton, no Ohio. O homem foi interceptado pelos agentes de segurança que protegiam Trump e por agentes do serviço secreto. "O Serviço Secreto fez um bom trabalho, evitando que esse alienado subisse ao palanque. Está vinculado ao grupo Estado Islâmico. Deveria estar na prisão", escreveu Donald Trump no Twitter, no final do dia.

Trump também publicou um link no qual o homem em questão, de nome Thomas DiMassimo, aparece num vídeo a arrastar uma bandeira americana durante um protesto num campus universitário. A AFP não pôde verificar a autenticidade do vídeo. Depois do suposto ataque, Trump acabou por decidir que, "pela segurança de dezenas de milhares de pessoas reunidas dentro e ao redor daquela arena, o comício desta noite seria adiado para outra data", explicou a sua equipa. "Não queria que houvesse feridos, portanto reuni-me com a polícia e pensei que deveríamos tomar a boa decisão de suspender" o ato, "apesar de a nossa liberdade de expressão ter sido completamente violada", declarou Trump à rede CNN.

O clima ficou tenso em redor da Universidade de Illinois, onde o magnata discursaria, devido à presença de muitos ativistas que se opõem ao polémico pré-candidato republicano. Os manifestantes contrários a Trump - na sua maioria afro-americanos e hispânicos - conseguiram entrar na arena, o que provocou confrontos com os partidários do magnata. Entre os adversários de Trump havia vários integrantes do movimento "As Vidas dos Negros Importam", que denunciaram o racismo do pré-candidato. "Trump = ódio" ou "Trump é um palhaço", diziam os cartazes dos manifestantes.

O canal CNN estimou que havia entre 8.500 e 10.000 pessoas concentradas no local, e imagens das TVs americanas mostraram a polícia a escoltar grupos de pessoas para fora da arena da universidade, por entre confrontos entre os manifestantes. Polícias a cavalo dispersaram a multidão e várias pessoas foram detidas e embarcadas em furgões.

Horas antes, Trump tinha sido interrompido várias vezes por manifestantes num comício em Saint Louis, Missouri. Em conferência de imprensa, Trump classificou como violentas as pessoas que interrompem os seus comícios e deplorou a suposta parcialidade dos meios de comunicação.

Foi assim que Obama entrou na conturbada campanha à Casa Branca - para pedir aos candidatos que evitem o linguajar ofensivo que desvirtua a corrida eleitoral. "Aqueles que estão na campanha devem concentrar-se na forma de melhorar as coisas, e não em proferir insultos, brincadeiras de criança e deturpações, nem em divisões por questões de raça e fé e, certamente, não (devem concentrar-se) na violência entre americanos", criticou Obama num evento de angariação de fundos em Dallas, no Texas.

Semeador de discórdias

"Donald Trump semeou a divisão e colheu os frutos esta noite. Foi horrível", declarou o pré-candidato presidencial republicano John Kasich, governador do Ohio.

Além das críticas, Trump sofreu no sábado uma clara derrota nos caucus (assembleias populares) republicanos no estado de Wyoming, onde o vencedor foi o senador do Texas Ted Cruz. Trump ficou atrás, inclusivamente, de Marco Rubio. Cruz obteve nove dos 12 delegados deste estado do oeste, alcançando 66% dos votos, segundo a imprensa americana. Rubio reuniu 19% dos votos e Trump apenas 7%. No total de delegados, no entanto, Trump conserva uma forte vantagem na corrida presidencial. Esta derrota ocorre a poucos dias da segunda "Super Terça" das primárias, em cinco grandes estados (Flórida, Illinois, Missouri, Ohio e Carolina do Norte), à qual Trump chega como favorito, apesar da oposição dentro do seu próprio partido.