O Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que a liberdade de opinião e de expressão está garantida no país, após as críticas à detenção do jornalista Zied Al Héni, esta semana, acusado de “ofensa ao chefe de Estado”, o presidente da Tunísia Kais Saied.

“Os processos judiciais e as detenções referidas na declaração do alto-comissário baseiam-se em atos puníveis pela lei tunisina e nada têm a ver com o exercício da liberdade de opinião e de expressão”, defendeu o ministério, numa nota de imprensa.

Além disso, as autoridades tunisinas exortaram os seus parceiros a “absterem-se de tentar interferir nos seus assuntos internos e de influenciar o curso da sua justiça”.

“É preocupante ver a Tunísia, um país que já teve tanta esperança, a regredir e a perder as conquistas em matéria de direitos humanos da última década”, sublinhou o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk.

O responsável da ONU manifestou a sua “profunda preocupação” com “a repressão exercida desde o início do ano contra juízes, políticos, dirigentes sindicais, empresários e atores da sociedade civil, que se estendeu agora aos jornalistas independentes, cada vez mais perseguidos e impedidos de fazer o seu trabalho”.

A condenação da ONU pela crescente repressão da liberdade de imprensa seguiu-se à detenção, por oito agentes policiais, de al-Héni, de 59 anos, na terça-feira, após ter falado num programa de rádio da IFM, em que questionava o código penal sobre a liberdade de imprensa.

Segundo o último relatório anual dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Tunísia desceu 27 lugares no índice mundial de liberdade de imprensa, passando a ocupar o 94.º lugar entre 180 países, e o presidente da Tunísia, Kais Saied, é descrito como “autoritário e intolerante à crítica”.