“A entrada na UE é um objetivo estratégico para a Turquia”, referiu Çavusoglu durante uma conferência em Madrid. “Mas se não nos querem têm de nos dizer”, frisou, acentuando: “Estamos fartos desta dupla moral”.

O chefe da diplomacia de Ancara considerou que o alargamento é um dos instrumentos da UE para manter a sua influência, e que em caso de travagem implica “perda de poder e influência”, apesar de reconhecer que atualmente muitos políticos preferem resultados a curto prazo face à ascensão dos movimentos populistas que pretendem construir “muros e barreiras” entre culturas e religiões.

O ministro turco defendeu “uma Europa inclusiva”, exortou a UE para “respeitar a diferença” num momento em que as negociações de adesão entre Ancara e Bruxelas estão praticamente congeladas e pediu aos Estados-membros que sejam “sinceros” sobre a adesão da Turquia.

Perante as aspirações turcas, o responsável pela política externa de Espanha, Alfonso Dastis, defendeu a diplomacia multilateral desenvolvida pela Turquia e insistiu que “não é uma alternativa à UE, antes um complemento”.

Nesse sentido, referiu-se à normalização das relações com a Rússia, a sua atuação em países na vizinhança, como os Balcãs, e a sua abertura diplomática à América Latina, África e Ásia.

Em Ancara, o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, anunciava em paralelo que o referendo constitucional sobre um sistema presidencial de governo no país euroasiático deverá decorrer em 16 de abril.

O islamita Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, no poder desde 2002) contra com o apoio do ultranacionalista Partido de Ação Nacionalista (MHP), a quarta força política no parlamento de Ancara.

Os opositores asseguram que um sistema presidencial vai concentrar todo o poder num único homem e num único partido, uma referência ao Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, o mentor do projeto, e reduzirá substancialmente a influência do parlamento.