“Vejo como um novo passo dado no processo de integração europeia”, disse à Lusa, por telefone, Augusto Santos Silva, que esta segunda-feira inicia uma visita de dois à Polónia.

Para o Governo português, o centrista Macron - que venceu hoje a segunda volta das eleições presidenciais francesas com um resultado entre 65,5% e 66,1%, segundo as primeiras projeções - foi o candidato que “mais se destacou no seu europeísmo”.

Na segunda volta das presidenciais francesas, disputada entre Emmanuel Macron e a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen (extrema-direita), “estava em jogo prosseguir na vinculação de França à União Europeia ou assumir uma rutura e um regresso a uma lógica nacionalista”, considerou Santos Silva, que sublinhou que a escolha dos eleitores franceses “foi clara e sem margem para qualquer dúvida”.

Além disso, o chefe da diplomacia portuguesa destacou que, nesta segunda volta, este resultado era “o único que convinha a Portugal, visto que Emmanuel Macron era o candidato que assumia as consequências do mercado único europeu e das suas quatro liberdades [de circulação de pessoas, bens e -serviços e capitais], e que tinha uma lógica cosmopolita e de cidadania europeia e, portanto, menos problemas podia trazer aos portugueses em França”.

“Há condições para continuar a desenvolver as relações bilaterais entre os dois países, que são muito próximas e muito ricas”, defendeu Santos Silva.

Sobre o resultado eleitoral de Marine Le Pen, a quem as projeções atribuem uma votação entre 33,9% e 34,5%, o ministro português considera que “a possibilidade de vir a ter qualquer coisa como um terço do total de votos é um elemento de preocupação”.

“Nós devemos não darmos tanta atenção à candidata e darmos toda a atenção às pessoas que nela votaram - porque é que votaram, quais são os seus problemas, o que é que as faz tão inquietas ou tão desesperadas, em que é que nós estamos a falhar nas respostas a essas pessoas para que possam ter a ilusão de que o populismo é o caminho que devem abraçar”, sustentou.

“Faço uma distinção muito clara entre aqueles que são os líderes populistas, que – devo dizer – desprezo, e os eleitores e eu nunca desprezo nenhum segmento do eleitorado e nós temos de compreender, escutar e tentar perceber o que é que leva as pessoas a votar neste ou naquele", acrescentou Santos Silva.

2017 é um ano marcado por vários atos eleitorais em toda a Europa, com partidos da extrema-direita e populistas a concorrerem em diferentes países, mas, para Portugal, até agora têm sido “reforçadas as posições daqueles que acreditam na Europa e derrotados aqueles cujos programas era explicitamente acabar com a União Europeia e ferir uma das matrizes essenciais da civilização europeia que era a abertura ao outro”.