Mais de metade das 125 vagas abertas num concurso para técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) ficaram por preencher o ano passado. "Só 61 profissionais assinaram contrato para reforçar as ambulâncias do instituto e as centrais de atendimento e acionamento de meios", adiantou o JN.

A falta de técnicos reflete-se "no socorro, com meios inoperacionais, turnos de ambulâncias fechados, chamadas em espera e atrasos da resposta". O problema de contratação de técnicos, que já vem a acontecer há vários anos, é agravado em Lisboa. Segundo o presidente do sindicato dos TEPH, há ofertas na região onde se ganha melhor, como é o caso dos Bombeiros e da Cruz Vermelha.

A maioria dos técnicos de outras regiões do país que trabalham em Lisboa são obrigados a partilhar quartos e casas. "Chegam a ser cinco, seis, sete e mais em T2", para conseguirem suportar as rendas altas.

"Em Lisboa, ganha-se mais num Uber ou num supermercado do que a trabalhar para o INEM", revelou um técnico que, com um salário base de 860 euros, partilha um t2 a cerca de 230 km da capital e gasta cerca de 200 euros em gasolina e portagens para ir visitar a família duas vezes por mês. "Desde que estou em Lisboa, nunca mais consegui ter a minha conta organizada", confessou, acrescentando que só o apoio da mulher e uma "infinidade de turnos extra" lhe permite pagar as despesas.

"Uma carreira criada a pontapé", com "só dois terços dos protocolos em vigor" e turnos de ambulância que não permitem "descansar cinco minutos na base": é assim que o técnico descreve o seu trabalho no INEM. Tentou um concurso de mobilidade para ficar mais perto de casa, mas só permitem sair de Lisboa se for por troca.

O concurso terminou em dezembro com 77 candidatos aprovados, mas apenas 61 iniciaram em janeiro a formação TEPH, com duração de cerca de seis meses. Tal como já vem a acontecer nos últimos anos, vários técnicos saíram do INEM durante o período experimental, ou não o concluíram com sucesso.

Em Lisboa apenas 18 vagas foram ocupadas das 75 que o concurso previa. Pelo contrário, as 25 vagas do Porto e as 15 vagas do Centro foram preenchidas. Em Faro, das 10 vagas, apenas 3 foram preenchidas.