"É cada vez mais importante a união entre regiões. Aquilo que a inovação e a ciência trazem é a capacidade ao nível da Europa de não olharmos a fronteiras", afirmou Carlos Moedas, aos jornalistas, em Beja, após ter participado como orador na primeira conferência "Melhor Alentejo" e de ter reunido com o presidente da Junta da Extremadura espanhola, Guillermo Fernandez Vara.

O comissário, que nasceu em Beja, destacou a união entre o Alentejo e a Extremadura espanhola, considerando que tem "exemplos daquilo que é não olharmos para as fronteiras" e que "são hoje cada vez mais essenciais para o futuro da Europa".

"Numa altura em que vivemos o terrorismo, as crises, precisamos que as regiões se unam e eu acredito muito numa Europa das regiões", disse Carlos Moedas.

Na sua intervenção na conferência, intitulada "Alentejo: Quem fomos e quem somos hoje? O Alentejo no mapa de Portugal e do Mundo", Carlos Moedas defendeu que são a tecnologia e a inovação que vão "resolver o problema da desigualdade criada pela globalização".

"A vaga da inovação, da qual regiões como o Alentejo podem e devem beneficiar, é uma vaga de interceção entre dois mundos: o físico e o digital", explicou, referindo que no mundo digital conceitos como geografia e fronteiras físicas "já não têm importância" e vão "deixar de existir".

No mundo digital, continuou, "a diversidade vai ser valorizada, as tradições e as raízes tornam-se um fator de força e as indústrias tradicionais podem dar finalmente o salto de que precisam".

Segundo Carlos Moedas, "na globalização do passado", falava-se "de serviços e alta tecnologia, na globalização do futuro a tecnologia digital torna viável culturas agrícolas, que antes eram impossíveis e que darão escala às indústrias de nicho nas quais o Alentejo é forte".

"Na globalização do passado para inovar tinha que se estar em Londres, Nova Iorque, Silicon Valley, em sítios caros e desconfortáveis, mas incontornáveis, na globalização do futuro, qualquer aldeia, qualquer cidade, qualquer região pode ser a base de um negócio mundial", frisou.

Neste sentido, "o Alentejo tem aqui uma oportunidade de ouro, há trabalho a fazer sem dúvida, tem que haver aposta nas competências digitais e as universidades, os politécnicos, os municípios e as pessoas têm que ajudar", defendeu.

A conferência foi promovida pelo Movimento de Cidadania Melhor Alentejo, que foi criado em 2015 por um grupo de cidadãos naturais ou com ligação à região, como os empresários António Silvestre Ferreira e José Roquette e o advogado José Ribeiro e Castro.

O movimento pretende "valorizar a identidade e autenticidade privilegiadas que permitem afirmar o Alentejo como uma região de grande excelência agrícola, comercial, agroindustrial, turística e cultural" e "promover e potenciar as condições para um desenvolvimento integrado" da região.