“Não existe falta de capacidade de produção mas o produto é enviado para outros mercados. Sendo assim, o que temos de tentar fazer é mudar a produção para a prioridade principal, que são os ucranianos”, disse Borrell aos jornalistas antes da reunião dos ministros da Defesa da UE.

Nesta reunião, os Estados-membros vão analisar o apoio militar à Ucrânia, que ascende aos 27 mil milhões de euros, disse o responsável pela diplomacia europeia.

O político espanhol indicou que 40% da produção da indústria militar da UE está a ser exportada para outros países.

“As empresas estão nos mercados e produzem para os mercados. A questão é proporcionar outro mercado que possa ser mais interessante”, disse.

Por isso, sublinhou a “importância do diálogo entre a política e a indústria”.

Borrell explicou também que os Exércitos da UE já cumpriram a primeira fase do plano para fornecer à Ucrânia um milhão de obuses e mísseis em doze meses e enviaram até agora 300 mil munições.

Os países enfrentam agora a fase seguinte do plano, que depende dos contratos que assinaram conjuntamente com a indústria, a fim de otimizarem os recursos.

“Os contratos dependem da partilha e da viabilidade financeira dos Estados membros. É uma interação entre a indústria e os Estados membros. Isto está a ser trabalhado, mas gostaríamos de saber onde estamos e qual pode ser o ritmo da produção”, afirmou Borrell.

O comissário responsável pelo Mercado Interno, Thierry Breton, afirmou que a capacidade de produção de munições na UE aumentou “cerca de 20% a 30% desde fevereiro” e que o objetivo de produzir um milhão de projéteis até à próxima primavera, numa base anual, vai ser alcançado.

Breton considerou também que a UE deve ir mais longe em termos de indústria militar e propôs que os países venham a refletir em conjunto para “lançar as bases de uma nova estratégia” de aumento das capacidades, cujos resultados espera apresentar no primeiro trimestre do próximo ano.

Borrell afirmou ainda que vai enviar uma equipa a Kiev no final do mês para apresentar a proposta de “compromisso a longo prazo” para garantir a segurança futura da Ucrânia.

Na última cimeira, em outubro, os líderes da UE pediram que fossem discutidas as necessidades de segurança da Ucrânia e que fosse elaborado um relatório.

Hoje, Borrell vai também apresentar aos ministros da Defesa uma análise dos planos de desenvolvimento das capacidades de cada Exército do bloco europeu, descrevendo em pormenor os “pontos fracos” e “a forma de os resolver investindo mais em áreas prioritárias”.