“A UE está preocupada com os últimos acontecimentos na Guiné-Bissau. Pedimos a todos os intervenientes políticos para resolverem a situação política e administrativa do país de acordo com a Constituição e as leis relevantes do país”, disse à Lusa um porta-voz da Comissão Europeia.

A UE quer uma “resolução pacífica e tranquila” do diferendo político-social, imperativa para “assegurar a consolidação da democracia e do Estado de direito na Guiné-Bissau”.

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, decidiu, na segunda-feira, dissolver o parlamento, na sequência dos confrontos entre a Guarda Nacional e efetivos do batalhão do Palácio Presidencial, que considerou tratar-se de um golpe de Estado.

O Presidente da República tomou a decisão após uma reunião do Conselho de Estado.

Sissoco Embaló considerou “um golpe de Estado” o facto de a Guarda Nacional ter retirado o ministro das Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, das celas da Polícia Judiciária, na noite de quinta-feira, detidos por ordem do Ministério Público devido a um alegado caso de corrupção.

Na sequência deste ato, geraram-se confrontos armados entre a Guarda Nacional e o batalhão da Presidência, que foi resolvido com a intervenção da Polícia Militar e que resultou na detenção do comandante da Guarda Nacional, Vitor Tchongo, e na morte de dois militares.

Imediatamente a seguir ao anúncio do Presidente da República observou-se, na cidade de Bissau, uma forte presença militar nas ruas, que deixou de ser visível à noite.

A Guiné-Bissau, um país lusófono com uma população de dois milhões de habitantes, é um dos mais pobres do mundo e é considerado um dos países mais corruptos do mundo.

Desde a sua independência de Portugal em 1974, o país tem passado por períodos de instabilidade marcados por tentativas de golpe de Estado. Em fevereiro de 2022, Sissoco Embaló escapou a um golpe de força, que apresentou como uma tentativa de golpe de Estado diretamente ligada ao tráfico de droga.