“Eu já o disse e repito-o, que neste momento a solução verdadeira é a das eleições: dar ao povo a possibilidade de se expressar como quiser”, declarou o cardeal, segundo a Rádio Vaticano.

O secretário de Estado disse que o recurso às urnas significa “voltar a dar a soberania ao povo e permitir-lhe determinar o seu presente e o seu futuro”.

“Nós esperamos que seja sempre dada essa possibilidade”, acrescentou, quanto à hipótese de o Vaticano oferecer os seus serviços de mediação para superar a situação na Venezuela.

“Porque, caso se abrisse uma [possibilidade], isso quereria dizer que a situação, em certo sentido, estaria melhor”, afirmou Parolin.

“Portanto, resta-nos exprimir a nossa esperança de que isto ocorra, porque aquilo está a converter-se em [algo] verdadeiramente dramático e corre o risco de ser ainda mais dramático”, considerou o cardeal.

No passado dia 06 de maio, a Conferência Episcopal da Venezuela informou que o papa Francisco escreveu uma carta aos bispos venezuelanos, instando-os a fazer tudo o que é possível para que se estabeleçam pontes entre o executivo do Presidente, Nicolás Maduro, e os seus opositores, na busca de soluções para a crise nacional.

“Tal como vós, estou convencido de que os grandes problemas da Venezuela podem ser solucionados se houver vontade de estabelecer pontes, de dialogar seriamente e de cumprir com os acordos alcançados. Exorto-vos a continuar a fazer tudo o que seja necessário para que este difícil caminho seja possível”, manifestou o papa, nessa carta.

No final de abril, Francisco tinha lançado um apelo ao Governo e à sociedade da Venezuela para que evitem mais violência e pediu “soluções negociadas” e respeito pelos direitos humanos, num país numa “grave crise humanitária”.

O líder da Igreja Católica também já tinha defendido que o regresso ao diálogo político entre o Governo e a oposição deve ocorrer mediante “condições muito claras”.

As manifestações na Venezuela, a favor e contra o Presidente, Nicolás Maduro, intensificaram-se desde o passado dia 01 de abril, depois de o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) divulgar duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.

Entre queixas sobre o aumento da repressão, a oposição manifesta-se na rua também contra a convocatória de uma Assembleia Constituinte, feita a 01 de maio por Nicolás Maduro.

Dados oficiais dão conta de que pelo menos 44 pessoas já morreram desde o início da crise.